| VERSOS E POEMAS |




O COVER a mim NÃO CONVÉM

Eu
Meu único Eu
Bom, nem tão único assim, eu sei
Outros Eu’s certamente me influenciaram e influenciam
Parte do que são, em mim, acrescentaram e acrescentam
Sem que eu tenha me dado conta disso
Porque assim me foram bem quistos

Mas o fato é, que nunca desejei ser “cover”
Nunca quis ser um “clone”
E nem o sei ser
Sou um “clone” natural da Humanidade
Mas não “clone” da artificialidade
Algo no meu inconsciente
Leva-me a buscar o diferente
Mas quem sabe, no fundo, não seja tão diferente assim
Enfim
Quero o que todos querem
No entanto, nem todos conseguem

Nunca gostei das formas e das fôrmas
Sempre preferi produzir a reproduzir
Tão embora, a reprodução seja necessária
Em algum momento da vida
Porém, nunca me agradei da ação reprodutiva
Desejo criar a copiar
Inventar a se moldar

Talvez, por isso, fui chamado de estranho
E alguns ainda me considerem assim
Ou me tenham por soberbo e egocêntrico
Por isso, muitas vezes encontrei o sofrimento
Por não ter sido, em minha própria forma, compreendido
Por um mundo reprodutivo
Hoje, não sofro tanto
Estou melhor com o meu canto
Sendo que há uma tonalidade confortável para cada voz
Todo ser tem o seu peculiar timbre vocal
Sem falarmos da impressão digital
Única, sem igual

Quando iniciei na música
Certamente tive dúvidas
Mas aprendi “sozinho” a buscar as respostas
Sendo criativo, inventando notas
Criando a minha canção
Pois, para mim, a arte é invenção
Tentava descobrir o que tinha feito
E às vezes, apenas fazia sem tal preocupação

Hoje, não me lembro de canções que reproduzi
Porque necessidade de guardá-las não vi
Não recordo de livros e autores que li
Porque a eles não me prendi
Minha memória se recicla
Nem minhas canções e poemas lembro
Porque novas surgem a todo momento
Crio as minhas poesias
Mas não me moldo aos grandes poetas
Porque eles tiveram a sua vez e a sua época
Eu, por minha vez, tenho a minha era
Se algo nascer parecido
Não é porque copiei
E sim, porque da mesma maneira vimos

Como eu disse, nunca desejei
E para mim não convém
Que a minha vida seja “cover” de alguém
Até porque ela é minha e não de outro
Se eu tenho voz
Que seja para cantar o meu canto
Se eu tenho mãos
Que seja para escrever a minha história
Se eu tenho pés
Que seja para trilhar o meu caminho
Se eu tenho olhos
Que seja para ver segundo a minha perspectiva
Se eu tenho coração
Que seja para pulsar segundo o meu ritmo!

(Carlos Coléct)




MÁSCARAS para as nossas MÁS CARAS! 

Não sou tão pessimista acerca do Homem
Pois se deixar de acreditar nos humanos
Perco a fé em mim mesmo
Portanto, ainda creio que possamos
Não anularmos o que já fizemos
E sim, ainda sermos Seres Humanos

O fato é que máscaras usamos
A começar por aquela que chamamos de pele
Nascemos com ela, ela nos protege
O nosso verdadeiro rosto é assustador
E sem esta primeira máscara
Insuportável seria a nossa dor
Alguns não gostam dela
E desejam modificá-la
E quando fica velha 
Querem mudá-la

Mas enfim, existem outras máscaras
E penso que também não sobreviveríamos sem elas
Seriam todas más?
Vejo que são apenas utensílios 
Tudo depende de como e para que as utilizamos
Pois assim como a pele faz a face protegida
Há máscaras que nos evitam a dor da carne viva
Elas nos fazem rir
Fazem nós nos emocionarmos
Também evita que soframos
Um sofrimento desnecessário
Não preciso expor a minha face à todos
Pois nem todos a compreenderiam
E certamente se assustariam
Ou por ser tão bela ou por ser tão incomum

Há vários tipos de máscaras
E para diversas finalidades são usadas
Existem aquelas que colocamos 
Para não haver uma contaminação
E desta forma, evitar uma epidemia
A epidemia de uma existência doentia
Esta garante a nossa sobrevivência
Quando em parte ocultamos o que sabemos
E escondemos o que sentimos!
Quando não falamos tudo o que nos incomoda
Usamos uma máscara
Com parte do Rosto a mostra!

MÁSCARAS para as MÁS CARAS
Quem sabe, elas existam para isso
Para esconderem nossas MÁS CARAS
Mas “cara feia” não é o sentido
E sim, o sentido de causar mal
Pois o belo também pode ter malefício
Às vezes, esconder a muita beleza é preciso
Sendo que o muito belo pode se tornar um deus
E ser deus em um corpo humano é insuportável
Certamente morrerá crucificado

Mas qual seria o mal uso de uma máscara?
O uso da frente e do verso
Quando elogia pela frente
E por trás solta o verbo
Mas também há outro uso maléfico
Para mim, a pior maneira de usá-la
Quando permanentemente é colocada
E não se remove na hora de dormir
Ignorando o momento de refletir
Deixando de ser apenas um utensílio
Quando o sentido do uso foi perdido
E quem a usa já não se reconhece mais sem ela
Quando o travesseiro
Não sabe mais quem sobre ele se deita
Se é o verdadeiro rosto ou a falsa cabeça!
Mas para ser sincero
Essa é a forma que mais se observa o seu uso
A maioria dos nossos travesseiros
Andam muito confusos!

(Carlos Coléct)



ABRAM-SE AS CORTINAS

A Sociedade do Espetáculo
Cinderela, mocinho e o palhaço
As máscaras no teatro
As sapatilhas no tablado
Abram-se as cortinas

Cada manhã uma personagem
Uma nova maquiagem
Um novo texto para decorar
Uma nova roupa para impressionar
Abram-se as cortinas

Todo mundo quer
Mas ninguém é quem realmente é
Na vida existimos
Mas não vivemos 
A vida que nos foi dada para vivermos
Nossos senhores escolhemos
E por eles as dores sofremos 
Na vitrine pomos a vida em exposição
E sob o olhar do outro seguimos a multidão!

 (Carlos Coléct)



HUMILDADE- Reconhecimento da fragilidade do Ser 

Ah nossa falsa superioridade!
Somos tão frágeis diante da existência
Mas tão arrogantes e orgulhosos
Entenebrecidos em prepotência
Nada conhecemos do Universo
Mas achamos que conhecemos
E o que achamos conhecer
É esta que temos por única verdade

Ah nossa falsa superioridade!
Tenho em meu conceito
Que há dois tipos de humildade
A falsa humildade  e a humildade! 
A primeira aparenta ser, mas não é
Diz “sim” para tudo
Mas o “ não” se esconde no fundo 
Rebaixa-se por medo da rejeição
Não suporta olhar nos olhos 
Por isso, abaixa a cabeça
Se faz de tristonha, carente e face meiga
Cinge-se da pobreza 
Inferioriza-se no discurso:
“Sou pobre , nu  e pecador
Miserável homem que sou” 

A segunda humildade 
É aquela que sabe se abaixar
E quando é preciso sabe se elevar!
Compreende a sua limitação
Aquele que a tem não se põe por superior
Mas também não se coloca sempre por inferior
Não se gaba em dizer-se humilde
Pois quem é não precisa falar que é!

Ah nossa falsa superioridade!
Quando a vida nos dobra
E nos mostra outra possibilidade
Quando a força some deixando um vazio
E a verdade própria não pode nos salvar
E a face da morte se vê de perto
Quando na própria pele sentimos a fragilidade
Então, damos boas vindas a humildade

Bom, há quem não seja para com ela hospitaleiro
E tenha orgulho do seu sofrimento
Vista-se da falsa humildade
Pendurando na parede o diploma de vítima
Achando-se superior, porque sofreu na vida
E desta forma se inferioriza!

Mas enfim, poderia a humildade me encontrar
Sem que eu precise ser forçado a me dobrar?
Quem sabe?! 
Se eu exercitar os meus olhos para observar
E dispor a minha alma para aprender
Com as situações que a minha volta se vê
A humildade irá me encontrar
Sem que haja o muito sofrer!
Pois a Humildade está
No reconhecimento da fragilidade do Ser!
E aprendo que tudo o que é frágil exige cuidado!

 (Carlos Coléct)



VIDA LEVE

A vida pode ser mais leve
Quando não tentamos prever o futuro
O qual só existe na imaginação
Quando não tentamos para tudo ter uma explicação
Ou para tudo ter uma definição
Pois na vida nem sempre há lógica e exatidão
Quando não tentamos achar apenas uma verdade absoluta
Pois, talvez, não exista
Quando não lutamos contra a vida
E não brigamos contra o tempo
Pois ninguém pode segurar o Sol com a mão
Quando não buscamos a perfeição
Sendo que certamente falharemos
E o peso da culpa sentiremos
Quando não tentamos alcançar o padrão
Escravizados pela comparação
Pois somos seres únicos
Quando não buscamos sempre aceitação
Pois nunca seremos sempre aceitos
Isto não é uma receita
Para a vida perfeita
Mas pode nos trazer 
Um pouco mais de leveza!
Porém, por outro lado
Também pode se tornar em excesso de peso
Quando houver a preocupação
De ir para o outro extremo!
Isto é, viver com a preocupação
De ter a vida leve
Pode pelo excesso se tornar pesado
Pois os extremos pesam para um dos lados!
Então, a vida leve é possível?
Talvez, desde que se entenda que “leve”
Não significa total ausência de peso
A vida leve 
É aquela que se deixa ser levada
Carregada como o floco de neve
O qual flutua ainda que pese!

 (Carlos Coléct)



PSICOSSOMÁTICO

Corpo e alma
Para os gregos uma dicotomia
“Soma” e “psique”
Desperta o interesse e fascina
Para mim, interligados sem divisa
Alma que está no corpo
Que é o próprio corpo
Psique que no cérebro habita
Uma fantástica composição química
Nem sempre abstrata e sim, física
Certamente ainda misteriosa
E continuará sendo
Quem sabe muito perigosa
Inventa histórias
Cria fantasias
Gera sintomas 
Dá vida a sofismas
Sem o corpo a alma não existiria
Pois alma é corpo
Sem a alma o corpo se definha
Pois corpo é alma
Inseparável laço
Psicossomático! 

 (Carlos Coléct)



Há um anzol que nos prende
Que engana a Sociedade
Lançado pelo Sistema
É a tal da Felicidade!

 (Carlos Coléct)



HOMEM E MULHER – Corpo e alma 

Maravilhoso é aprender
Com o inconsciente que há no corpo
Somos dotados de genitálias
Extremamente extraordinárias
Nos mostram como somos

Os órgãos genitais do homem são externos 
Enquanto da mulher são internos 
Talvez, por isso, a sexualidade do homem 
Seja mais atraída pelo externo 
Corporal, físico, visual afeto... 
A mulher, por sua vez, atrai-se internamente 
Pela emoção, sentimento 
Pelo afetar da mente...

A mulher deseja ser penetrada
Ser achada, envolver
Ser conhecida por dentro
Receber 
O homem almeja penetrar
Introduzir, ser recebido
Encontrar e ser envolvido

O homem é corpo
Lado de fora 
A mulher é alma
Lado de dentro 
Dessa união nasce o ESPÍRITO 
Palavra que etimologicamente é “sopro”, 
Fôlego de vida!
Fôlego!

 (Carlos Coléct)



O Homem é um Ser naturalmente rejeitado
Envolvido no sentimento de rejeição 
Vive em busca de uma aceitação 
Pois o mesmo útero que o acolheu 
É o mesmo que o expulsa 
Por meio da contração!

 (Carlos Coléct)


CICLO VITAL

A Vida segue um ciclo
Assim como tudo o que é vivo
Penso muito que seja como o Sol
O qual em seu princípio
No horizonte se faz escondido
Só se vê noite e escuridão
Para então aparecer, vir à luz, nascer
Sobe em sua trajetória e brilha
Alcança a força do meio-dia
Torna a descer e declina
Para novamente a noite encontrar
E para o horizonte, a sua origem, retornar
Completa o seu ciclo
Assim como começou há de terminar
Nós, em nosso princípio
Também estamos escondidos
Envoltos na escuridão uterina
Para em breve nascermos, virmos à luz, aparecermos
Com poucos cabelos ou nenhum, sem dentes
Frágeis, pequeninos, com pouca visão
Pouca ação e dependentes
Crescemos, alcançamos o auge da vida
O nosso meio-dia
Mas tudo o que sobe
Também desce, declina
Envelhecemos, declinamos
Tornamos a ter pouca visão
Poucos cabelos ou nenhum
Retornamos a fragilidade da idade
Voltamos a ser dependentes com pouca ação
Até chegarmos ao ponto da nossa origem
Fechamos os olhos
A luz se apaga
Novamente retornamos ao esconderijo
Completamos o ciclo 
Para nós não tem mais início
Mas o ciclo tem seu reinicio
Outro sol surge do seu princípio
Para tornar a se esconder
Outro Homem nasce
Para em breve morrer!

 (Carlos Coléct)


PENSAR- Ver além do muro

Pensar é ver além do muro
Mas não do muro de proteção
E sim, do imperialismo, da prisão e inquisição

Há quem tenha o pensamento longo
Há quem pense curto
Às vezes conseguimos sozinhos
Outras vezes precisamos de alguém
Alguém que nos coloque sobre os ombros
E nos ajude a ver além

Para muitos 
É assustador ultrapassar esse muro
Pois não sabe o que irá 
do outro lado encontrar
Ou melhor, 
porque acha que um monstro o possuirá
Demônio relatado pelo inquisidor
Condenação sentenciada pelo imperador

Pensar é a arma contra o Império
Por isso, um povo que não oferece perigo
É um povo de pensamento restrito
Isso é uma forma de manter o domínio
Aquele que domina a mente do outro 
Domina tudo, até seu corpo!

O pavor imposto 
Faz o pensante ter a imagem do louco
O pensamento longo parecer loucura
E ainda o torna como sendo o caminho 
Para o ateísmo sem cura

Todos pensam
Mas nem todos pensam com estrutura
Por isso, muitos permanecem vendo o muro
Com o pensamento curto
Imaginando um perigo
E dizem ao que deseja ver:
"Cuidado com o muito pensar
Pois você pode um ateu se tornar
Ou um louco virar"

Mas aos que têm pavor de pensar
Eu digo que já são ateus
Já são loucos
Pois sabem que suas convicções não podem sustentar
Sabem, que no fundo, já não creem
E já não são sãos
Por isso, não se atrevem
Continuam acreditando no inquisidor
Receando a sentença do imperador!

 (Carlos Coléct)


Na Natureza coexistem
Os sozinhos e os que andam em bandos
Ambos os comportamentos são naturais
Eu sou do tipo sozinho
Não solitário
E sim, sozinho
“Qual a diferença”?
Alguém pergunta
Bom, o Solitário 
Pode ser considerado
Aquele que não consegue 
Por si mesmo se sentir amado
Tem a sensação de solidão
Sente a necessidade de estar em meio a multidão
Já o Sozinho 
Não tem tanta esta necessidade
Pois convive bem consigo mesmo
Com o seu “Eu” é bem relacionado
Mas como diz o ditado
“Cada macaco no seu galho!”

 (Carlos Coléct)



Não se preocupe, 
daqui a pouco 
o vento sopra,
muda de direção
e te leva a lugares
em que você nunca imaginou estar!
Bons ventos
sempre irão soprar!


 (Carlos Coléct)


Seus mundos, UM MUNDO!

O Mundo é muito mais do que achamos ser
Há outros mundos que desconhecemos
Existem pessoas que vivem em um mundo sem "som"
Alguns os chamam de surdos
Outros se encontram em um mundo sem luz
Sem palavras convencionais
Esses são conhecidos como cegos
Também há quem não tenha movimentos corporais
Esse é reconhecido como paraplégicos 
Ausência de realidade 
É o mundo do demente
E muitos outros mundos existem
Mas raramente os vemos
E os que neles estão
Ainda que não tenham "som"
Luz, "movimento" ou "lucidez"
TÊM VIDA!
VIVEM! 
Vivem em seus mundos
E isso é o suficiente 
Para que os “seus mundos” 
Sejam o “nosso Mundo”!

 (Carlos Coléct)


Não se iluda!
Pois nem sempre sou o que escrevo
Nem sempre sei o que digo 
Nem sempre vivo o que explico
Apenas escrevo quem gostaria de ser
Explico o que desejaria saber
Isto não me faz mais sabido
Talvez, só veja sentido no que não há sentido
Apenas pensamentos crio
Minhas palavras são como um reflexo 
Nas águas de um rio
O qual está sempre a se mover!
Uma imagem se forma
E ao mesmo tempo 
Com o balanço se deforma!
Mas pode ser bom na beira do rio se sentar
E olhar a imagem se transformar
Mudar e com o vento dançar!

 (Carlos Coléct)


FELICIDADE DO ESQUECIMENTO

Felicidade! Felicidade?
Sentimento, emoção!? 
Palavra sem sentido!?
Está no coração ou na razão!?
Realmente existe!?
Ou será apenas mais uma
Dentre as muitas utopias?
O fato é que todo Homem a quer
Mas não sabe exatamente o que é
Todos a buscam, mas não sei se é encontrada
Porque a busca não pára
Para alguns é aquela eterna sensação
De constante satisfação
Para outros é a aquisição de bens
O casamento perfeito
O mundo sem defeito
Quem sabe, a tal “felicidade”
Esteja no esquecimento
Esquecimento?
Sim, esquecimento de si mesmo
No ocultamento da vida
Na negação da existência sofrida
Por isso, cresce o entretenimento
Pois promove uma amnésia temporária
Do existencial sofrimento
Ouvimos constantemente em alguma sala
“ESQUECE, seja feliz e relaxa!”
A pornografia a cada dia tende a crescer
A procura pelo Sexo aumenta
Pois ele é um meio que conduz ao esquecer
Certa vez ouvi dizer
Que no clímax do orgasmo
Nem o nome é lembrado
Sente-se a extrema “felicidade”
Nesse momento em que não se sabe quem é
Torna-se um vício o entretenimento
Pois o vício gera o ocultamento
Esconde-nos da existência por um breve momento 
Por isso, são difíceis de serem deixados
Felicidade!
Para mim, está antes de nascermos para a vida
Ainda ocultados em uma barriga
Sem lembranças, sem memória
Apenas no esquecimento
É o que no fundo desejamos
Livres da nossa consciência
Talvez, por isso, os loucos da demência 
É que são “felizes”
Porque vivem no esquecimento de si mesmos
O são luta para tê-lo
Mas não consegue
Tudo o que tem são MOMENTOS em que se ESQUECE!

 (Carlos Coléct)


MAIS
Metas
Cursos
Soluções
Religiões
Profissões
Tecnologias
Facilidades
Novidades
Igrejas
Cargos
Meios
Caminhos
Informações
Conhecimentos
Possibilidades                                                                        
Bifurcações
Explicações
Escolhas
Decisões
Opções
MAIS Pessoas DESORIENTADAS 
na era da INFORMAÇÃO 
facilitada!

 (Carlos Coléct)


Emocional dependência
Depende do outro
Entende que lhe deve a pendência!

 (Carlos Coléct)


DEPENDÊNCIAS 

Dependência é como uma droga
Faz mal, entorpece, vicia
Incomoda quem não a utiliza
Se bem que também existe a saudável
E inevitável
Como a do ar que se respira
É naturalmente necessária
De certa forma
Somos todos codependentes uns dos outros
Interligados pelos laços
Da sobrevivência e do espaço
Mas para mim
Existe uma dependência tão sofrida 
Quanto aquela que se utiliza da química
Essa é a dependência emocional
Por que?
Porque assim como na ingestão de substância química
Na ingestão emocional
A minha vida não me pertence
Pois fico dependente
Do sorriso do outro
Do elogio, do toque
Da aceitação, da plena atenção
Da constante companhia
Do acontecimento, da situação
Quando isso não ocorre
Perde-se o sentido e o prazer da vida
Pois entrego o seu domínio
Nas mãos que não são as minhas
Certamente, que nossas emoções 
Não estão totalmente desligadas das situações 
As quais a nossa volta são apresentadas
Mas a dependência emocional pode ser nociva
Quando nela se esconde um laço
Quase que invisível
Como um fio de nylon
Estabelece-se uma prisão
Incontrolável ligação emocional
Quando minha vida já não é mais minha
Não está sob minha posse
Outro ou alguma coisa a domina!

 (Carlos Coléct)


Há pessoas que não amam
Apropriam-se
Que não cuidam
Dominam
São tão inseguras
Atormentadas pelo medo de perder
Que tudo o que fazem é prender
A liberdade de ir e vir do outro
É para si o adoecer!

 (Carlos Coléct)


Ir a fundo em uma poesia
É ir a fundo na vida 
Pois ela é a mais profunda 
De todas as poesias
A mãe geradora das rimas
Motivadora dos versos
Nem sempre compreendida
Nem sempre exata
Simplesmente uma poesia
Diariamente declamada!

 (Carlos Coléct)


Tenho percebido o quanto mentimos 
sem a consciência de que mentimos. 
É um elogio, um cumprimento, 
no início de um relacionamento... 
Muitas são as formas de mentira ou falsidade. 
Mentimos para nós mesmos 
quando acreditamos estar falando a verdade!

 (Carlos Coléct)


Mente atrofiada
Não exercitada
É aquela que só consegue ver
Um sentido dentre os milhares possíveis
Escondidos em uma palavra!

 (Carlos Coléct)


Autoconhecimento é conhecer 
os  demônios que habitam dentro de si, 
é se deparar com eles e identificá-los. 
Quem não os conhece não se conhece!

 (Carlos Coléct)


Se prestássemos mais atenção nas palavras 
sofreríamos menos!
Mas não só nas palavras escritas ou ditas
E sim, naquelas que também têm forma,
cheiro, altura, largura, 
profundidade e espessura
Pois estas, 
são as que menos recebem a nossa atenção!

 (Carlos Coléct)


MEU PRIMEIRO AMOR -O VENTRE

Nestes dias
Descobri
O meu Primeiro Amor
Aquele que a minha vida sustentou
Acolheu-me
Deu-me calor
Amor essencial
Primordial
Inigualável
Sem igual
Real
Algo em mim recorda
O nosso primeiro contato
Encontro que fez eu ser quem sou
O som do seu coração era tão vibrante
Quase que podia tocá-lo
Tínhamos um forte laço
Corda de carne e sangue
Mas sólida como o aço
Um cordão vivo
Com nervos e sensível
Deu-me o fôlego
Mas não conhecia o seu rosto
Talvez, já me comunicando
Que eu viveria por buscá-lo
Que na vida tentaria enxergá-lo
Pois um dia
Tudo o que parecia um paraíso
Acabou ruindo
O cordão vivo
Sólido como o aço
Foi rompido
Pelo bisturi de um ser desconhecido
Desde então
Não cesso de buscar o meu amor
O meu Primeiro Amor
Desejo reconhecê-lo em algum rosto
Em algum lugar, em algum corpo
Sentir-lhe o gosto
Quero novamente aquele afeto
Anseio pela face que me acolhia
No ventre materno!




FUNDAMENTALISTA
FUNDAMENTO
Fragmentado Frívolo Fugaz Frouxo
Falso Frágil Furioso Ferido Fiel
RE!
Faccioso Fraco Fardado Fingido
Fabuloso Franco Frio Fresco Feio         
Forçado
Folgado
Fabricado
Fraturado                       
Frustrado
Frenético
Fraudado
Franzino
Fracionado
Fleumático
Fracassado
Formatado
INFUNDADO!

(Carlos Coléct)



Eu tive uma necessidade
Dela nasceu a habilidade
Eu achava que não a tinha
Mas de repente ela surgiu
Dizendo-me que eu podia!

(Carlos Coléct)



GENTE

Tem gente que acho chata
Talvez, por me identificar
Reconhecer nela
O que em mim gostaria de mudar
Tem gente que acho legal
Quem sabe, por querer ser igual
Ou por visualizar nela
O que em mim acho louvável
Tem gente de quem quero ser amigo
Tem gente que não me interessa
Tem gente que também me acha chato
Tem gente de todo tipo
Para alguém eu sou o tipo certo
Para outro sou do tipo errado
Tem gente para toda gente
Eu olho para o outro e vejo gente
Mas eu sou gente
Então, vejo-me também!

(Carlos Coléct)


Queremos o amor
Sem sofrimento e dor
Seria isso possível?!
Acho que não!
Para mim, falar de amor
É também falar de desconforto
Ter o afeto que afeta o outro
Ainda que não intencional
Causar dor emocional
Há o lado “bom”
Mas também há o lado “mal”
Assim como qualquer relacionamento durável
O “não” do limite é saudável
Mas o que queremos então?
Desejamos apenas o romance
Aquela emoção que nos balance
E nos faça vibrantes!

(Carlos Coléct)


CICLO DO SER VIVENTE

Semente
Todo Ser Vivo a tem
Inclusive nós os Homens
A chamamos de sêmen
Nossa contribuição ao mundo
Garante a sobrevivência
E a continuidade da existência
Isso pode ser compreendido
Para além da fisiologia
Onde a semente
É a nossa própria vida
O que se encontra em nossa mente
Por um tempo é cultivada
Sofre com o vento, o sol, a seca
Mas a raiz está sendo firmada
Precisa sempre de água
Necessita estar sendo regada
No tempo oportuno é germinada
Sai para fora
Torna-se aparente e visível
Começa a crescer e a ser notada
O fruto passa a ser comestível
Surgem pessoas que quando de nós se “alimentam”
Contribuem e nos ajudam
É um processo natural
Como as abelhas que espalham o pólen
A gralha azul que carrega o pinhão
Ou como vento que leva a semente
Por lugares inimagináveis, nos quais crescerão
Neste ciclo do ser vivente!

(Carlos Coléct)


 QUEM AMA MENTE?

Quem ama fala a verdade
Esta é uma popular frase
Eu, porém, digo:
“Quem ama mente”
Pelo menos no início da fase
Tal como um pai
Que diz ao ver o rabisco do filho
“Nossa que bonito!”
Se a criança conhecer
Todas as veracidades do mundo
Talvez, futuramente, não consiga ver
A beleza que há no viver!

(Carlos Coléct)


Existem tipos de amizades
E há uma em especial
Aquela em que se passam as horas
E não se percebe chegar o “tarde”
Amizade com cor
É, quem sabe
Tão profunda quanto o amor
Ou melhor, é dele outra face!

(Carlos Coléct) 


Que coisa louca
Abraçar quem se ama
Olhar-lhe nos olhos
Beijar-lhe a boca!
Parece coisa pouca
Mas é o suficiente
Para tornar a vida boa
E ainda que por um momento
Levar a dor ao esquecimento!

(Carlos Coléct)


 Navega o pescador
Como de costume
Em busca do peixe no cardume
Assim é o amante sonhador
A procura do seu amor!

(Carlos Coléct)



DIÁLOGO POÉTICO

—“ Princesa
Poesia,                      
Peço-te
Por favor
Para
Permanecer
Por
Perto,
Pois
Preciso
Poetar
Penetrantes
Palavras,
Proferir
Preciosas
Pérolas!"

—“Poeta,
Prometo
Preparar-te
Pacientemente
Palavras
Para
Presente!”

 (Carlos Coléct)


                                                 
 Vacilante                  Vislumbrante             Na vIDA não há volta só
   Vagarosa              Vagabunda
     Vibrante           Vitoriosa

ida!
 
       Volátil          Vegetal
         Vadia       Virtual
           Vazia    Vulgar    
             Velha Veloz
               VirilVil      
                 ViVa        
                   V
                   
        
(Carlos Coléct)


Quando algo me faltou
Eu soube que o tinha
Quando uma estrada cessou
Um novo caminho surgia!

(Carlos Coléct)


No fundo, a existência
É como uma doença
Que perdura
É aliviada
Mas não tem cura!
Muitos tentaram saná-la
Mas tudo o que conseguiram
Foi apenas prolongá-la!

(Carlos Coléct)



Piou o sabiá
O qual desde pequeno sabia
Que aos ouvidos do poeta
Não era apenas um piar
Era a hora em que o sábio
começaria a ensinar!

(Carlos Coléct)



Ter informações e conhecimento
sobre um carro e seu funcionamento,
não faz de alguém um motorista!
Pode-se sentar,
colocar as mãos no volante
mas não saber como fazê-lo andar!
Tão pouco, ouvir música
Faz de alguém um músico!
Da mesma forma,
As muitas informações
E conhecimentos teóricos
sobre a vida e o Homem
Não fazem necessariamente
de alguém um vivo ou humano!
Mas as marcas nas mãos, no rosto e no coração
O que para alguns é a velhice
Para mim, é a evidência de que se está vivo
De que se viveu
Pois só se percebe vivo
aquele que perto está de morrer!
Estas são as marcas
que formam a sabedoria do sábio!


(Carlos Coléct)


                                                                Humanidade
                                                                Humorada
                                                                Humilde
                                                                Humanista
                                                                Humanitária
                                                                Hu-manos que com as “manos”
                                                                Hu-manizados nos tornamos!

                                                              (Carlos Coléct)


                                                                  Na CORrida da vida
                                                                    A COR acompanha a AÇÃO
                                          Ainda que haja um CORte
                                                                       CORre
                                                                       CORroborado
                                                                       CORroído
                                                     Ou preso a CORrente
                                                                 Ao CORpo dá pulsação
                                                               Bate CORajosamente
                                                                   O COR-AÇÃO!

                                                                 (Carlos Coléct)


OS OLHOS

Observo-me no espelho
Noto algo que sempre esteve aqui
Mas que quase sempre passa despercebido
Um tanto quanto irônico e contraditório
Estou falando dos olhos
Sim, os olhos!
Estranho, eles estão aqui
Pouco os percebemos
Pouco sabemos para que servem
Temos dois olhos
Alguns não os têm
Outros são presos pelo o que veem
Mas naturalmente, temos dois olhos
Conectados pelo nervo ótico na mente
Duas percepções do mundo
Duas óticas
Uma olha a altura e a largura das coisas
A outra observa a profundidade do ser
Há quem apenas olha
A altura e a baixeza
A gordura e a magreza
Poucos são os que com os dois olhos veem
Tendo uma dimensão da profundidade de alguém
Mas enfim, o fato é que tudo o que olhamos está invertido
Os olhos olham de forma invertida
O cérebro vê e interpreta
Ele reposiciona a imagem na posição correta
Por isso, o cego sem olhos pode ver, pois quem vê é o cérebro
Existem os que têm olhos, mas não veem
Porque não utilizam o nervo ótico
Não captam a imagem com a sensibilidade nervosa
Bom, neste momento, observando os olhos
Faço-me o seguinte questionamento:
“Por que defendemos tanto a nossa visão da vida
Se tudo o que vemos não é exatamente o que vemos
E sim, como interpretamos?!”
Mas falando ainda em olhos
Neles também há humor
O Humor aquoso e o Humor vítreo
Dois líquidos, dois fluídos
Que para mim, mostram que o estado emocional
Passa pela ótica
Isto é, a maneira que vemos o mundo e a nós mesmos
Pode trazer equilíbrio ou desequilíbrio HUMORAL!

(Carlos Coléct)


Humor
Do latim Humóre “líquido”
Da medicina grega atribuído
Na qual se acredita que há quatro fluídos
Que compõe ao corpo o equilíbrio
Sangue, fleuma
Bílis amarela, Bílis negra
A pessoa em desequilíbrio
Evidencia o humor sanguíneo
Colérico, melancólico ou fleumático!
Mas o que mais tem hoje
É gente de cabeça para baixo!

(Carlos Coléct)



Poesia é filosofia colorida!

(Carlos Coléct)


MENTIRAS AMIGAS

Existem as mentiras que matam
E as que mantêm a vida
Estas são as mentiras amigas
Amizade colorida
Mentiras que a alma pede
Chama-as quando está aflita
Momentos em que o importante não é a veracidade
E que a mentira é a nossa única verdade
O Homem só de “veros” deveras não sobreviveria
E acredito que jamais conseguiria
Se na vida só houvesse a veracidade
Muito ela pesaria!
O Humanidade padeceria!
Pela falta de respostas
Surge a mentira
As meias verdades
As teorias, mitologias, teologias
E as muitas “logias”
Benditos mentirosos
Contadores de histórias
Causos miraculosos
Inventores de memórias
O que seria do filósofo
O qual faz da mentira as suas incógnitas?!
Do poeta que em poesia a transforma?!
Do ator que a faz comédia?!
Do Homem que a cria da tragédia?!
Benditos mentirosos
Que sem maldade
Mentem para suportar a dura veracidade
Não para tê-la como ausente
Pelo contrário, para que da inveracidade
Ela se torne mais suportável e presente!
O fato é que todos somos criadores de estórias
E as contamos como sendo as nossas próprias
Reinventamos a todo instante a nossa história!

(Carlos Coléct)



Não procure a alegria
Ela chega de surpresa
Sem ser convidada
Como no susto
Que faz a alma impactada!

(Carlos Coléct)


                                                                 LAve a minha mente
                                                                 LEve seja o meu coração
                                                                 LIvres estejam as minhas mãos
                                                                 LOuvor brote da minha alma
                                                                 LUcidez? Quem sabe? Calma!

                                                                LÁ vem ele
                                                                LEvar-me para o seu mundo
                                                                LIbertar-me? Prender-me a dor?  
                                                                LOve é como alguns o chamam
                                                                LUdicamente Amor!

(Carlos Coléct)


                                                                                                       LEVE
                                                                                                       LEVita
                                                                                                       LEVanta
                                                                                                       LEVE-me
                                                                                                       LEVeza
                                                                                                       LEViana


(Carlos Coléct)


E O MEDO QUE ME PROTEGEU...

Há quem seja covarde
Que podendo avançar pára
Há quem seja corajoso
Que podendo parar
Tende a continuar                   
Para provar à si mesmo e ao outro
Que não é medroso
Não sou do tipo covarde
Bom, em alguns momentos, quem sabe?!
Também não sou de ter muita coragem
Procuro manter o limite diante do precipício
Não caminho tão na margem
Sou do tipo que tem medo
Mas não o medo extremo
O qual gera a paralisação do covarde
Ou a aprovação da coragem
Tenho medo, como todos têm
Medo que soa como um alarme!
Talvez, como o apito do trem
Que de longe se ouve
Mas ainda não vem
Por isso, paro, olho e escuto
Presto atenção na sensação
Fico um pouco apreensivo
Mas se for o caso sigo
E se o trem se apresentar com muito perigo
Paro e não prossigo!
Desta forma, o medo natural e saudável
Fez-me protegido!

(Carlos Coléct)


Amor é o Sujeito (pessoa)
Amar é o Verbo (ação)
Amor é Ser
Amar é fazer!

(Carlos Coléct)


Se todas as pétalas caírem, 
que pelo menos a última 
seja "bem-me-quer"! 

(Carlos Coléct)


E os piores anos da minha vida
foram os melhores!


(Carlos Coléct)


Perguntaram-me:
—“Como você está” ?
E eu respondi :
—“Estou caminhando,
movendo-me para algum lugar
onde o fim será melhor que o começo!”


(Carlos Coléct)


Às vezes, precisamos de um excesso
para despertar o fôlego.
Talvez, como um choque
que faz o coração voltar a pulsar!

(Carlos Coléct)


Às vezes, o forte
é aquele que se sujeita
e não aquele que se nega a se dobrar!

(Carlos Coléct)


Boas palavras
ditas na hora oportuna
são como as chuvas
que refrescam as tardes de verão!

(Carlos Coléct)


Não tenho razão
Tenho apenas pensamentos!

(Carlos Coléct)


O que eu posso fazer com as ilusões que há na vida?
Faço delas a minha poesia!

(Carlos Coléct)


VER/SÓ é o bom ingrediente
na composição de um VERSO!

(Carlos Coléct)


Que a vida flua em seu curso
Faça os seus caminhos
Siga a sua trajetória
Assim como o sangue
Que pelas vielas do corpo
Flui ainda que eu não saiba como!

(Carlos Coléct)


ESPERO

Espero na ESPERANÇA
Na certeza do que se alcança
Na convicção de que irá chegar
Ainda que possa na trajetória haver um acidente
A dúvida não está na mente
A ansiedade do tempo está presente
Surgem a insegurança e a inquietação
Acelera a pulsação
Há o medo como na correspondência da paixão
Aparecem o prazer da adrenalina e dopamina
É uma agradável sensação

Espero na EXPECTATIVA
Na incerteza que pode não chegar
“Será que vem?!”
Pode haver um acidente
A dúvida está na mente
A ansiedade do tempo está presente
Surgem a insegurança e a inquietação
Acelera a pulsação
Há o medo da não correspondência da paixão
Aparece o cortisol
E isso não me é agradável

Os caminhos da vida não são exatos
Há incertezas
E com elas precisamos aprender a convivência
Mas piores são as incertezas dos padrões
De uma Sociedade de ilusões!
Há muita expectação incerta
E pouca esperança certa!
Melhor é esperar na ESPERANÇA que se alcança
Do que na EXPECTATIVA da mente dividida que se cansa!
Nem sempre isso é possível em um mundo de intemperança
Mas de qualquer forma ESPERO!

(Carlos Coléct)


VIDA INCONSCIENTE

Fui concebido sem ainda ser
Sem ainda Ser pensante
Fui alimentado pelo movimento constante do ventre
Pela ação inconsciente nasci involuntariamente
Meu corpo se desenvolveu
Formou-se a minha mente sem o meu consentimento
Nem tenho consciência e minhas mãos já estão em movimento
Piscam os olhos
Contraem-se os músculos
Os reflexos são ativados
Meu coração pulsa sem antes pensar
O cérebro sou eu e parte de seu trabalho é sem a minha percepção
Ainda bem!
Ainda bem que não tenho o controle de tudo
E que nem tudo passa pela racionalização
Isso seria o enlouquecimento
Pois a vida em grande parte do seu tempo
Naturalmente tem os seus acontecimentos
O que faz eu achar que a vida é totalmente consciente?!
Se eu mesmo nasci do inconsciente!?
Mas o que direi?!
Que sou dominado pela vida inconsciente?
Não! Não quando dela eu me torno consciente!
Nasci sendo ainda não pensante
Porém, o pensamento se desenvolve a cada instante
Adquirindo a consciência da vida inconsciente
O que isto significa?
Significa que sei que ela existe e posso interferir
Interfiro quando necessário
Mas é melhor deixá-la fluir
Sem me preocupar tanto em pensar e decidir!

(Carlos Coléct)




Às vezes, tudo o que precisamos
é de alguém que veja em nós
a capacidade que não vemos.
Que acredite em nós
quando estamos céticos.
Que sonhe por nós
quando estamos acordados demais!!


(Carlos Coléct)


Às vezes fico de “saco” cheio
Outras vezes fico sem “saco”
Mas que “saco”!!

(Carlos Coléct)



Ninguém alcança o coração do outro 
sem ter antes alcançado o seu!

(Carlos Coléct)


CURIOSIDADE VITAL

Quando éramos crianças
A vida era latente em nós
Cheia de esperanças
Pois esperávamos muito
Tínhamos um longo caminho pela frente
E isso nos era interessante
Pois nos despertava a curiosidade
Éramos tão curiosos
Que se fosse preciso
Colocávamos o dedo na tomada elétrica
Objetos desconhecidos na boca e os engolíamos
Ou ainda, colocávamos a mão no formigueiro
Por isso, se perdemos a curiosidade
Perdemos também a vida
Pois a vida é feita de descobertas!
A curiosidade desperta a imaginação
A imaginação gera o interesse
O interesse faz nascer o desejo
E o desejo motiva o movimento
Movimento para conhecer
Descobrir e ter entendimento!

(Carlos Coléct)


Não apenas leia a poesia
Cante-a no seu ritmo e na sua melodia
Encontre a música nela contida
Mas saiba que só os poetas conhecem o caminho
Se você a encontrar
Certamente és um(a) poeta da vida!

(Carlos Coléct)


Todos nós temos um lado avesso,
amargo
e azedo!

(Carlos Coléct)



Tudo na vida tem dois lados,
o lado que se vê e o lado que não se vê.
O lado invisível das "coisas"
mostra mais sobre elas do que o lado visível!

(Carlos Coléct)


TRANSFORMAÇÃO OCULTA

Olhei da janela
E lá fora descia a chuva
Gotas reluzentes
Transpareciam a luz da Lua
Como uma linda magia tocava o chão
Uma bela imagem para a visão
Mas ela não desceu sem antes ter subido
Ela sofreu o milagre da transformação
A superfície que aqueceu
Fez a água como vapor emergido
Se eu quiser ser como a chuva?!
Pensei!
A metamorfose é preciso
A mudança de estado é uma lei
Preciso antes também subir
Mas não subir como o soberbo e orgulhoso
E sim, como o vapor emergir
Tornar-me gasoso
Quieto e sem alarmes
Inexistente aos olhos de muitos
Expor-me ao calor da superfície
Percorrer o caminho até o céu
De forma silenciosa
Portanto, para poder ser como a boa chuva
Que a terra sedenta inunda
Faz-se necessário sofrer
A transformação oculta do Ser!

(Carlos Coléct)


OLHAR DE BAIXO

Quando eu era criança
Via o mundo de baixo
A poucos centímetros do chão
Olhava para cima
E tudo era tão grande
As ruas eram largas demais
A porta de casa me era como um montanha muito alta
Digna de uma escala desafiadora
As árvores eram gigantes
O perto era distante
Era um mundo encantador
Cheio de descobertas
E portas abertas
Eu cresci
Mas continuo vendo o mundo de baixo
Pois desta forma
O mundo não é limitado
Aqueles que aumentaram demais as suas pernas
E olham de cima
Encontram um mundo sem graça
Pequeno
Sem muitos atrativos
Sem encanto
O bom é olhar de baixo
Pois sempre haverá o que alcançar
Haverá sempre um desafio para desbravar!

(Carlos Coléct)



MEDO DA MORTE. MEDO DE NASCER

Oh Morte dos Homens que sofrem
Esses sem te conhecerem
Imaginam-te com uma aparência tão forte
Tenebrosa e assustadora
Em tua mão colocam a foice tão afiada
Preparada para a colheita dos mortais
Vestem-te com uma longa capa preta
A tua face encobrem com um capuz obscuro
Ninguém a desvenda
A não ser aqueles que contigo se encontram
Pois tens um encontro marcado com todos os Seres
Cercado de mitos e mistérios
Alguns tentam fugir
Outros o tentam apressar
Para te encontrarem antes do tempo
Se é que há antes do tempo!?
Mas inevitável será o tal encontro
Dia que desperta medo e assombro
Desconhecemos como será
Não sabemos o que se sucederá
Ninguém há que nos possa contar
Cada um tem a sua maneira de acreditar
Muitos são os que têm medo de ti
Mas sabe o que eu acho?
Acho que não temos medo de ti
Temos medo de que você se pareça
Com aquele dia que muito bem conhecemos
O dia em que nascemos
Temos medo que doa tanto quanto o nosso nascimento
Colocamos em ti a nossa memória
A memória do início de nossa história
O registro dos gritos, do esforço, do sangue e do choro
Imaginamos em você
Temos medo de que a nossa saída
Seja tão sofrida quanto a nossa entrada na vida!

(Carlos Coléct)


A vida é como mágica
cheia de magia
e truques imperceptíveis
aos olhos desatentos!

(Carlos Coléct)


A MENTIRA MAIS BELA!

Um velho poeta
Já cansado nos ossos
De fracas pernas
E de pensamentos saborosos

Duro como pedra
Quebra os orgulhosos
Orgulhosos que como eu
Não me tinha como os mentirosos

—“Somos todos mentirosos!”
Disse-me o velho pensador
—“Mentirosos!?”
Perguntei com certa dor

—“Sim! Mentirosos!
Mentimos para nós mesmos
Criamos as nossas mentiras e nelas cremos”
Afirmou o poeta em seu pensamento

—“Como?!” Questionei-o
Ele, então, pegou a sua palavra
Lançou-a como uma flecha
Perfurou-me o entendimento
—“Nós sonhamos
O sonho é a mentira mais bela!”
Declamou o velho poeta!

(Carlos Coléct)



Ser poeta não é ter um título
É ter marcas na alma e no corpo
É um inquietante vício
É uma condição divina e de bom gosto
É olhar para o não visto
É apreciar o escondido
É dar à dor um sentido
É dar beleza ao sofrido
É sonhar acordado
É trazer à realidade o imaginário
É ser, quem sabe, um revolucionário
Um lunático
Alguém que vive no mundo contrário
Ou apenas alguém que deseja voar
Não se aprende a ser poeta na Academia
É o Curso da Vida
Que lhe apresenta a poesia!

(Carlos Coléct) 


O VOO E AS INTERFERÊNCIAS

Sob um céu sem nuvens. O sol me toca a pele com ardor, mas ao mesmo tempo me é muito agradável. O mar reflete os raios e brilha intensamente como prata derretida. Avisto uma bela gaivota branca. Aproximo-me e me sento para conversar com ela.

—“Olá senhorita! Bela tarde para voar, não é mesmo?!

—“Olá! Sim, é uma bela tarde para voar! Está um céu de Brigadeiro!” Concorda olhando para o azul acima de nós!

—“Os homens te invejam pela liberdade que tens! Sabia?!” Afirmo falando de mim mesmo.

—“Como assim?!” Pergunta a gaivota desconhecendo o motivo da inveja.

Eu, confiantemente, respondo com a certeza de quem sabe o que está falando:

—“Bom, você voa pelos céus sem limites. Parece-nos que pode ir e ser o que quiser. Isto nos desperta o desejo de liberdade! Ansiamos por esta sensação que permeia suas asas. Criamos até os aviões para te imitar!”

Mas ela, desta vez, dá ares de quem não concorda plenamente.

—“Eu tenho asas e posso voar, e nisso você tem razão, mas o céu me impõe os seus limites, as suas interferências. Algumas invisíveis e sutis. Outras mais visíveis e agressivas. A força da gravidade, por exemplo, não me permite ir até onde quero! A densidade do ar pesa sobre mim! Quando o vento muda de direção prende as minhas asas e me leva para outro lugar. Lugar que não planejei estar! A gota da chuva me força a parar! E lá não posso me atrever a ir, pois encontrarei predadores! Não sou totalmente livre! Sou liberta, pois não estou em uma gaiola, mas tenho interferências externas que me limitam. Não gosto de algumas, as quais são causadas por vocês homens, mas outras naturais me fazem bem e protegem. Gostaria de ir muito mais além, mas não posso!! Minha liberdade consiste em abrir as minhas asas e me entrelaçar com o céu!”

Olho para ela, um tanto quanto espantado! Pois as minhas certezas acabam de serem desconstruídas. A minha visão se abre para um novo conceito de liberdade. Diferente daquele que aprendemos pelos gregos desde a infância, quando abríamos os braços e fingíamos estar voando sem nada prendendo, sem nenhuma obrigação, livre para ir e vir sem influência alguma. Tal como os deuses, pois voar é a liberdade dos deuses!

—“É verdade!” Disse à ela. “Não somos totalmente livres. Voamos em um céu com limitações e interferências. Algumas naturais e outras impostas pela ação nociva do Homem. Talvez, seja como navegar nesse imenso mar. Existem as ondas, as tempestades, os ventos, os icebergs, os navios naufragados, e tantas outras limitações e interferências na navegação do barco. Ele não navega totalmente livre! A liberdade está entre os limites saudáveis e naturais! Mas de qualquer forma, nos cabe abrir as asas, colocarmos o barco na água, e ficarmos atentos as interferências sutis e nocivas impostas pelos Homens, para não naufragarmos ou quebrarmos as nossas asas!”

Ela balança a cabeça em sinal de concordância.

Agradeço entusiasmado pelo aprendizado:—“Muito agradecido pela conversa Senhorita Gaivota! Você me inspirou a compor alguns versos. Quer ouví-los? Pergunto querendo ouvir um ‘sim’.

—“Sim, mas é claro”. Afirma carinhosamente.

Então, não exito e logo os declamo:

—“Voa passarinho
Faça-se liberto
Encontra o teu ninho
Onde a grade não te prive
Mas saibas que não és totalmente livre!”

Após declamá-los à gaivota me despeço e voo para o céu da Vida me sentindo um pouco mais liberto ao entender que não sou totalmente livre!

(Carlos Coléct)  


                           AMAR
                  É como AMARrar
            Com fortes AMARras
              Abraçar até AMARrotar
   Até enjoar e ficar AMARelo
                         Mas no final do AMAR se cria o ELO!

(Carlos Coléct) 



FRAGMENTOS INTELECTUAIS

Lembro-me da dias de escola
“Passávamos o cartão”
Respondíamos a lista de chamada
Entrávamos esperando a hora de sair
Porque gostávamos da sensação de liberdade
Seguíamos a linha de produção
O programa precisava ser cumprido
As peças corriam pelas esteiras da montadora
Tudo no mesmo molde
No mesmo tempo
Do mesmo jeito
Éramos as peças no torno
E as esteiras eram as carteiras
E quando estávamos pensando
Tentando resolver um problema de matemática
De repente ouvíamos uma campainha
Como o sinal de um reformatório ou fábrica
A maioria ficava feliz
Porque não precisava mais pensar
Logo começava o português e a matemática ficava para outro dia
Depois de outros sons perturbadores do raciocínio
Voltávamos para casa
Crescemos ouvindo a campainha
E agora muitos não sabem juntar os pensamentos
Eles estão separados pelos sinais
Não há continuidade
Há fragmentos intelectuais!

(Carlos Coléct) 



O Lugar. As Palavras. A Visão. O Mundo!

Em um dia como outro qualquer. Observei um senhor de idade sentado no banco de uma praça em uma cidade interiorana. Ao passar por ele, cumprimentei-o e lhe perguntei:
—“Bom dia! Como o Sr. vê o mundo?!
Ele sorridente me disse:
—“ Bom dia meu filho, vejo um mundo cheio de crianças brincando. Cães correndo. Árvores frondosas. Pais caminhando com os filhos! Vejo esperança!”
Agradeci pela gentileza, e voltei a caminhar.
Encontrei um jovem assistindo um canal de noticiários na televisão de um bar.
Fui-lhe cumprimentar e lhe fazer a mesma pergunta:
—“Bom dia! Como o você vê o mundo?!
Ele não tão contente, respondeu-me:
—“Oi! Cara, o mundo tá mal, só gente morrendo, violência em todos os lugares! Vejo desespero e medo!”
Agradeci, e mais uma vez continuei a caminhada.
Desta vez, meus olhos avistaram uma jovem da cidade grande lendo um livro de poesias.
E como de costume, cumprimentei e lhe perguntei:
—“Bom dia! Como a senhorita vê o mundo?!
Ela com um olhar meigo me disse:
—“Bom dia! Vejo um mundo de ilusões, com suas dores e sofrimentos, mas é bom sonharmos. Vejo beleza em muitas coisas, até na dor da vida! Vejo doçura e sutileza!”
Dei meu sorriso, e prossegui observando.
Agora, vejo um jovem indo para o culto de sua igreja.
E assim como perguntei aos outro, também fiz a ele a seguinte pergunta:
—Olá! Como você vê o mundo?!
Com disposição me respondeu:
—“Bom, eu vejo um mundo dominado pelo diabo, cheio de pecado, mas Deus tem salvação para quem crê no seu Filho! Vejo um Homem pobre, nu e necessitado de arrependimento! Vejo uma Terra má, mas um Céu bom para os santos e obedientes a Palavra de Deus!”
Dei-lhe o meu muito obrigado e parti.
Vi muitas outras pessoas em lugares diferentes, ouvindo palavras diferentes, lendo livros diferentes e vendo o Mundo de formas diferentes.
Então, pensei comigo:
“O entendimento sobre o Mundo provém da união entre o lugar e as palavras. Vemos o que está a nossa volta segundo o lugar em que estamos e segundo as palavras que ouvimos ou lemos. A palavras conduzem nosso olhar. A nossa mente interage com o local onde estamos assentados. Nem tudo é tão ruim, e nem tudo é tão bom. Depende do ponto de vista. Por isso há fases em nossas vidas em que vemos o mundo de uma forma mais favorável e belo, e em outras o vemos de forma mais pessimista e feia. O lugar em que estamos muda. As palavras mudam. A visão muda. O nosso Mundo se constrói e se reconstrói!”

(Carlos Coléct)



                                                                               MAR
                                                                               MARgem
                                                                               MARítimo 
                                                                               MARola
                                                                               MARé                    
                                                                               MARisco               
                                                                               MARinha
                                                                               MAResia 
                                                                               MARinho                               
                                                                               MARavilha
                                                                            AMAR

(Carlos Coléct)



Conversa
Conversa fiada
Conversa afiada
Conversa amada
Conversa odiada
Conversa forçada
Conversa do nada
Conversa animada
Conversa solitária
Conversa sem palavra
Conversa sem sentido
Converso comigo
Converso com o amigo
Converso
Conversa com verso
Conversa
Convergir
Conversão

(Carlos Coléct)



Depois de longos dias chuvosos
O Sol torna a aparecer
Minha alma novamente se alegra
Pois pode se aquecer!

(Carlos Coléct)



Ah minha mente que não descansa
Quando penso estar em sossego
Pensei!
Surge, então, um estímulo com avidez
Ela, mais que depressa, acha-se no direito de se levantar
Alça a sua voz com rapidez
Para se fazer ouvida mais uma vez!

(Carlos Coléct)


Ah as gostas da chuva
O vento que toca o rosto
O orvalho que refresca as manhãs
Alimenta a relva, refresca o corpo
Faz brotar as doces maçãs
Ah a música que penetra os meus ouvidos
Faz vibrar as minhas células
Aquieta meu coração
Desperta-me a emoção
Como uma mágica inexplicável
Como em uma sinfonia repleta de harmonia
Meu cérebro se move em palpitação
Alguns acham que deixei de crer em Deus
Talvez, tenham razão
Deixei de crer no Deus que me apresentaram
Passei a crer no Sagrado
No Santo que se apresentou a mim
Sem Céu, sem Inferno
Sem pedido de penitências
Sem dolorosas e sofridas exigências
Não me pediu orações infindáveis
Nem sacrifícios intermináveis
Mas como um Grande Maestro
Pegou sua batuta diante da Orquestra
Regendo-a suavemente
Olhou para mim e sem palavras
Comunicando-me com os olhos disse:
Faça soar o som! O seu som!
O seu timbre!
Toque! Apenas toque!
Sinta o compasso! Dê vida a canção!

(Carlos Coléct)


Ouvi uma voz
Mas não me pediu nada além do que cultivar a terra
A terra que está sob os meus pés
Está no meu sangue, nos seus nutrientes
Em cada ser vivente
Cultivar! Nada mais!
Então, perguntei-lhe:
Como o faço?!
Tudo o que ela me disse foi:
“Dei-te olhos
Dei-te o paladar
Dei-te o tato
Dei-te ouvidos
Dei-te o olfato
Dei-te os sentidos
Toque, veja, sinta, seja
Ouça, fale, observe, cresça
Aprenda, caminhe, descubra, aprecie
Contemple, pense, deguste, crie
Invente, erre e tente novamente
Plante, colha, semeie
Pois todos os seres têm dentro de si um semente!”

(Carlos Coléct)


Sei que sou jovem
e não sei o quanto tempo ainda me resta de existência
ou o que os dias me reservam.
Mas se os meus dias forem poucos como os de uma borboleta?
Então,  hoje, preciso embelezar e enfeitar algum jardim.
E se amanhã eu morrer?
Então, hoje, serei como um velho antecedendo a sua morte,
necessitando confessar os seus segredos.
Tenho muitos medos, muitos segredos.
Sei que pouco sei, ou nada sei e apenas quero me convencer que sei.
E se é para ser sincero, não escrevo porque sei, e sim, porque quero saber.
Não penso porque sei, mas penso porque quero entender.
O que provoca o pensamento são as interrogações da vida,
mas não escolhi a vida, ela me escolheu e por amor lhe dou minhas palavras
e a visto com minha poesia.

(Carlos Coléct)



A emoção de uma poesia
Está no seu ritmo
Na música nela contida
Está no pulso da batida
Na intensidade com que é sentida
No sentimento com que é declamada
Pois poesia não é lida
Poesia é palavra cantada!
Não é comum a sua escrita
Sua gramatura é encantada
Sobre a partitura ela é gerada!

(Carlos Coléct)


Certo dia caminhei por uma viela
Em uma vila pobre e campestre
Avistei um poeta
Do lado de fora de um casebre
Debruçado na janela
Com os olhos fixos e pensativo
Olhava além do bambu envelhecido
Na mão direita segurava uma vela
Para ver o lado escuro e escondido
Fiz-lhe uma pergunta
A pergunta de uma alma inquieta:
—“Poeta! Por que estás na janela?!”
Ele me respondeu como um profeta:
—“Estou observando as IMAGENS SECRETAS
Pois sou como um pintor de aquarela
Mas não pinto a imagem da consciência manifesta
Pincelo e dou cor ao INCONSCIENTE como em uma tela!

(Carlos Coléct)



Hoje, compreendo que o Homem é o meu Povo
Que qualquer Ser é o meu Irmão
Que a Terra é o meu País Amado
A Natureza é o meu Livro Sagrado
A Humanidade é a minha Nação
Que a Vida é a minha Religião
E que o meu sangue é vermelho
Como o de todos os que a minha volta eu vejo!

(Carlos Coléct) 


ANTROPOFAGIA VITAL

Eu apenas leio um escrito ou como o escritor?
Bom é comer o autor
Proveitoso é ingerir a vida que emana do outro
Bom é que um texto seja escrito
Mas não apenas com tinta redigido
E sim com o sangue e a carne do autor
Da alma daquele que se faz envolvido
Proporcionando não simplesmente uma leitura
Mas um ritual mágico de antropofagia
Do grego “comer homem”
Suscitando a magia
Apropriando-se das virtudes das PARTES BOAS do corpo autoral
Por que chamamos um escrito de “corpo textual”?
Não seria, talvez, porque o corpo do autor
Seu sangue e sua carne estão presentes em forma de texto?!
Eu COMO o autor e passo a ser COMO ele?!
É por isso que diz o verso: “O verbo se fez carne e habitou dentro de nós”?
A palavra tem um corpo
Tem estrutura, tem sangue, tem osso
Na verdade, creio que o viver como um todo
É um ritual antropofágico
Viver é comer o outro
Mas não como um momento gastronômico
Desde o ventre comemos o corpo de nossa mãe
E após o ventre nos apropriamos de seu seio
A vida em seu corpo nos dá vida
É uma mágica sadia
Alguém precisa morrer um pouco
Para no próximo acrescentar fôlego
É uma aquisição da vida, das ideias e do bom que há no outro
É uma apropriação do bem e das virtudes
Esteja ainda vivo ou já morto!
Esteja presente no agora ou somente na história
Quem sabe, este tenha sido o convite feito na Última Hora
“Este é o meu Sangue, este é o meu Corpo
Bebei dele todos, comei dele todos!
Fazei isto em minha memória!”
Seria este um convite a Antropofagia Vital?
Ou seja, “Se apropriem de mim em vossas mentes!”
Nisto está a Vida Eternal!
Em pelo outro ser comido
Na memória permanecer vivo!

(Carlos Coléct) 


A beleza da poesia
Está nas entrelinhas
No silêncio da escrita
Na linha vazia
Esperando ser preenchida
Pela alma que a recita!

(Carlos Coléct) 


Oh Vida minha
Convidas-me a dançar
Nesta bela manhã
Ao som da chuva a gotejar!
“Venhas meu amado
Venhas se molhar
Dance até perderes o ar!”

(Carlos Coléct) 


EIS AQUI UM MORTAL!

Observo a grande Sala de espetáculos
Repleta de entrevistados
Pelos títulos são apresentados
E não pelos frutos gerados
“Eis aqui o Senhor
Bacharel, mestre, doutor”
Com a desculpa de saber quais são as funções
Declaram-se tais ilusões
Mas na realidade
O que se quer são as qualificações ou desqualificações
Estabelecemos a qualidade
Expomos o pedigree
Se é de raça ou vira lata
Se é de grife ou sem marca
Se há algum rótulo na garrafa
Por que apenas não dizemos!?
“Eis aqui um mortal!
Constituído de sangue
Nascido nu
De assustado semblante
Dependente, sem dente
Ao pó voltará
Da mesma forma que veio ao mundo o deixará!”

(Carlos Coléct) 



O OUTRO, MEU EU EM OUTRO CORPO

Eu tenho fé na Humanidade
Creio que no Homem reside a bondade
Ainda que em alguns ela esteja escondida
Sob o interesse egoísta
O dia em que eu deixar de ver
Tornar-me cego para o Homem
Não vê-lo mais como um Ser capaz de Ser
Digno de confiança, compaixão e esperança
Esse será o dia da minha própria morte
O dia em que o espelho nada mais refletirá
A não ser a desistência de alguém que se achou mais forte
E mais sábio do que o outro
O outro é o outro de mim
O outro é o meu eu em outro corpo
É o meu reflexo
É o meu eu refletido
São os braços que eu preciso
São as pernas que eu necessito
Logo, se não mais creio
Se não mais o outro vejo
Já não me vejo mais!
Já não existo mais!
E tudo o que resta é o vazio diante do espelho!

(Carlos Coléct)


A VIDA EM PARTO NORMAL

Vejo os raios por entre os vãos da janela
Penso que chegou a hora
O Sol desponta sem mais demora
É o momento de sair
Soltar e ir
Uma força me empurra para fora
Ouço gemidos dolorosos de quem chora
De quem em breve sorrirá de prazer
Pela vida que há de nascer

Cada manhã é a repetição do começo
É o ressurgimento da Luz
Do inconsciente que esqueço
Da memória que lembro
É o renascimento da vida
O reaparecimento do dia

Hoje, espero que a vida renasça
Mas que nasça de parto normal
De preferência no campo ou em casa
No ambiente informal
Não na formalidade do Hospital
Mas em consciência
De forma natural
Sem violência
Original, vaginal
Sem corte
Sem anestesia
Pois para que a vida de hoje tenha sentido
É preciso sentí-la!

(Carlos Coléct)



ÍDOLO INTOCÁVEL! ENDEUSADO!

Quem é esse Ser enDEUSado?!
Ser que desperta o apaixonado
Faz nascer o encantamento pelo objeto desejado
Alguém cobiçado, Amado, Inalcançável
As mãos o buscam
Mas não o podem tocar
Apenas é permitido esbarrar
Ser misterioso
Arrebata o curioso
Há um conhecimento limitado
Ele é almejado
Está no palco, no púlpito, no tablado
Na tela, no céu estrelado
Na mulher da revista
No parceiro idealizado, sonhado
Nas alturas é elevado
Sem erros ou defeitos
Ser perfeito
Pois deus é o ideal de perfeição
Não falha, não erra!
Por isso, ninguém o pode questionar
Ídolo intocável, Inquestionável!
Como a imagem na Capela Sistina
Por Michelangelo construída
Homem e Deus
Frente a frente com as mãos estendidas
Porém não se tocam! Não se encostam!
Mas quando o endeusado esbarra
Concedendo um pouco de sua misericórdia
Gera-se o prazer no “idólatra”
Porém, quando O INTOCÁVEL é TOCADO
O mistério desvendado
O endeusamento é deixado
Quando é alcançado
Surge o Ser humanizado! Falho!
Para alguns é a decepção!
A desilusão! Frustração! Queda! Depressão!
Para outros é o alívio!
Liberdade! A saída de uma prisão!

(Carlos Coléct)



MULHER, MEU BERÇO, MEU COMEÇO

Mulher!
Doce inspiração
Amarga expiração
Desperta desejos
Aflora a paixão
Provoca medos
Até aqueles que se dizem não serem homens
Desejam ser como você
Qual o homem que não te quer?
Ah mulher!
De tão frágil é tão forte
De tão sensível é tão perigosa
Suave, agressiva, geniosa
Zela, cuida, auxilia
Manipula ou influencia
Cair em tuas mãos
Ser envolvido por teus braços
Pode ser o melhor bem para um Homem
Mas também pode ser o pior mal da Humanidade!
Ah Mulher!
És a causa de guerras
És o motivo de paz
Cria conflitos
Apazígua os filhos
Vive-se por ti
Morre-se por ti
Grande poder há em tua língua
No movimento do teu corpo
No olhar que me faz amolecer
Geradora do bem
Criadora do mal
A vida não existiria sem você!
Do teu ventre eu vim
O meu primeiro berço
E todos os dias busco voltar a ele
O meu começo!

(Carlos Coléct)


Viver é um ritual religioso
Exige devoção
Contemplação
Sagrado
Silêncio
Oração
Adoração
Favor
Troca
Serviço
Sacrifício
Reflexão
Petição
Meditação
Oferta
Entrega
Respeito
Regra!

(Carlos Coléct)


Existem os simpáticos e os amigos
Os simpáticos são aqueles que passam por nossas vidas
E dizem adeus
Os amigos são aqueles que não passam
E dizem até logo
Nós somos os dois
Ora somos os simpáticos, ora somos os amigos
Os amigos nem sempre são simpáticos
E os simpáticos muitas vezes se vestem de amigos!

(Carlos Coléct)



Crescemos ouvindo o quão triste é o viver
E que bom fora não ter nascido
Fomos violentados pelo pessimismo
Ficamos com medo da Vida
Mas o viver é bom
É como camadas de ar que vibram
Onde parece só haver o nada
Forma-se um belo som
O qual só pode ser ouvido
Por aqueles que se permitem ter o dom
De sentir o que parece não ter sentido!

(Carlos Coléct)


Ouvi muitas pessoas a minha volta murmurando:
“Temos muito o que fazer em tão pouco tempo”
Perguntei:
—“Por que não param um pouco e decidem fazer o que de fato querem?”
Eles responderam:
—“Não podemos, se pararmos o lago congelado vai se quebrar!
É melhor continuarmos correndo sobre a fina camada de gelo!”

(Carlos Coléct)



MÚLTIPLA ESCOLHA

Muitas são as decisões
Muitas são as opções
Muitas são as escolhas que fazem surgir a angústia que pesa
Pois vemos apenas uma escolha certa
Um caminho correto
Uma verdade que no amanhã espera
Tolos somos ao dizer:
O que o futuro me reserva?
Não somos adivinhos na Terra
Nunca saberemos o que poderia ter sido
Ou se foi a decisão correta
Somos atormentados pela ideia
A ideia de uma só verdade concreta
De um único caminho sem pedras
O qual conduz ao ideal de felicidade
Crescemos e aprendemos
Em uma sala sentados
Que na prova
Só há uma resposta
Ao sairmos da sala
No momento da decisão
Continuamos nos vendo como que com uma caneta na mão
Tensos para marcar o cartão
Mas a vida não é como um teste da Escola
A vida não é uma prova de escolha múltipla
Onde só há um “x” que leva a formatura
Se há a múltipla escolha
A verdade já não é nua e crua
E muito menos uma!

(Carlos Coléct)



RELIGARE

Mente e emoção
Lógica e imaginação
Homem e Paraíso
Alma e espírito
Criador e criação
Verdade e ilusão
Terra e céu
Vida e morte
Profano e Sagrado

Cortado
Partido
Separado
Homem sem sentido
Do ventre desligado
Caído em um mundo perdido

Todo Homem tem e precisa
Do seu “e” que o religa à vida
Todo Homem tem e precisa
Do seu cordão umbilical
O qual o conecta ao ventre maternal
Buscamos este Cordão
Anelamos pelo sustento e proteção
Queremos permanecer vivos
Desejamos a religação
Todo Homem tem e precisa
Da sua estrada
Que o conduz para casa
Ao paraíso que se perdeu ao nascer
Esta é a verdade embutida em cada Ser
Cada Homem tem o seu umbigo
É seu, único e o religa ao seu abrigo

Todos temos um “buraco” na barriga
Um vazio, uma falta a ser preenchida
Buscando ser reconectada
Desejando ser religada
Por várias formas
Em muitos lugares
Na poesia ou na canção
No templo ou na casa
Sozinho ou na socialização
No dinheiro ou na contemplação
Conectamos nosso Cordão Umbilical
Ao que nos traz inspiração
No ventre da sustentação

Religião
Do latim “religare”
Religação

(Carlos Coléct)




Oi Sr. Vento
Andas passeando por aqui
Um favor quero te pedir
Leves contigo as nuvens deste céu
Retires de mim o véu
Para que todos possam sair
E encontrar o meu caloroso sorrir!
E o Sr. Vento concedeu o favor ao Sol
Levou as nuvens
Removeu o véu
Seu sorriso pode ser visto no céu 
“Obrigado!”
Disse o Sol animado!”

(Carlos Coléct)


Bom dia Vida
Certamente neste dia
Sussurrarás aos meus ouvidos
Uma boa notícia
Espero estar atento para ouví-la!

(Carlos Coléct)


 Sou um apostata
Deixei crenças
Renunciei religiões
Desertei sentenças
Abandonei convicções
Violei leis
Adquiri outras
Quem não é um apostata?
Talvez seja o escravo
Cuja sentença é estar preso
Comendo somente o que lhe colocam no prato!

 (Carlos Coléct)
  


Oh Homem que buscas a liberdade
Quando encontras o teu credo
Encontras a tua verdade
Ali tens o teu certo
Ali te sentes liberto!

(Carlos Coléct)


IRMÃS NO MESMO VENTRE

Desde sempre
Existem duas irmãs
Geradas de pais diferentes
Porém, do mesmo ventre
Uma nascida do consciente
Outra crescida no inconsciente
Uma é cega
Mas se cumprimenta pela frente
A outra parece correta
Mas a todo momento mente
Uma se sujeita ao julgamento
A outra deseja o calor do sentimento
Uma caminha em linha reta
A outra dispensa o esquadro da régua
Uma concede a defesa
A outra nega o direito a quem quer que seja
Uma gosta da claridade
A outro se esconde na escuridade
Uma é sedenta
A outra é violenta
Uma se veste de branco
A outra tem sangue no manto
Aparentemente são parecidas
Muito são confundidas
Mas a essência em nada é igual
Uma é imparcial
A outra é parcial
Uma pesa na balança
Antes de usar a espada
A outra só conhece a cobrança
E a ação premeditada

Uma é a Justiça que fala
A outra é a Vingança que cala!
Alguns a chamam de Justiça
Ela se agrada
Pois não quer pela irmã ser julgada!

(Carlos Coléct)



ComPROMISSO é se unir ao outro
pelo elo de uma PROMESSA.
É do latim PROMISSUS.
É se entrelaçar com o PROMETIDO!

(Carlos Coléct)


PERDOAR

Perdoar é se despir da vingança
Vestir-se da Justiça
Pegar o que se alcança
Reconhecer a dívida cometida
Cobrar o pagável
Não buscar o intocável

Perdoar é colocar limites
Não é esquecer o que aflige
Não é conviver com o que infringe
Não é ser falso humilde
Não é necessariamente abraçar
Pode ser também se afastar

É soltar a vida alheia
É se soltar
É dizer:
“vai e não me violentes mais,
mas se insistir em me violentar
Aqui não podes ficar”

Perdoar é tirar o peso do devedor impossibilitado
É liberar os pés atados
É caminhar sem cobrar o impagável
Perdoar é restaurar a alma sofrida
É retornar para além da dívida!

(Carlos Coléct)


MEU SAGRADO SECRETO

Entrei
Fechei a porta
Estamos a sós agora
Ele não tem forma
Nem um único nome lhe pode por fim
O meu Sagrado só é visto e ouvido por mim
Pois só eu estou aqui dentro
O quarto está fechado
Do lado de fora estão os importunos
Não querem ir embora
Apenas ouvem murmúrios
O meu Sagrado se tornara para eles invisível e incompreensível
Nada veem. Não entendem!
Desconhecem o interior
Então, abri a janela e lhes disse:
—“Não insistam! Por favor!
Este é o meu Sagrado Secreto
Só eu tenho acesso!”

(Carlos Coléct)


Amar é como poesia
Tem duas faces
A face mentirosa e que esbanja simpatia
Por ela, muitos se agradam e são cativados
Há também a face sincera, verdadeira, que aparenta antipatia
Por essa, poucos são atraídos, poucos são motivados.

Amar é como o cérebro
Tem duas metades
A metade direita, na qual está a imaginação
E a metade esquerda, onde se encontra a lógica da razão.

Gostamos é de ser amados com a face mentirosa da poesia!
Queremos é o amor que mora na metade direita do cérebro que imagina!

(Carlos Coléct)


Olhando para uma banana, 
arrancada ainda verde, 
vi que estava amadurecendo fora do pé, tornado-se amarela com pintas pretas.
—"mas por que eu falo ‘amadurecer’?" -pensei...
"Ela está morrendo!"
"Por que falamos 'mais um dia de vida?'" - pensei...
"Estamos morrendo!"
Viver é morrer? Estou vivendo morrendo? Amadurecendo fora do pé?
Fui arrancado ainda verde do ventre de minha mãe, 
e a cada dia estou me tornando amarelo com pintas pretas.

(Carlos Coléct)

As formigas são trabalhadoras, não têm preguiça.
Tudo o que querem é ter, mas no muito querer,
e no muito trabalho, acabam sendo metidas e inconvenientes.
Entram sem serem convidadas e importunam.
Assim é aquele que muito quer a qualquer custo.

(Carlos Coléct)



Orações da Humanidade: “DEUS MEU!”

Sentado no banco da praça. A noite me abraça. A névoa do inverno começa a subir como fumaça. Buzinas se ouvem pelas esquinas. Ternos e gravatas correm pelas calçadas. Pés descalços se encontram nos semáforos. O papelão cobre a criança descalçada. O noticiário estampado no jornal forra o chão de asfalto. Ônibus lotados. Namorados se beijam apaixonados. Pais carregam seus filhos no colo, ou em carrinhos almofadados. Grupos se reúnem nas escuridades dos becos. Cigarros escondem o medo. Garrafas alegram o bêbado. Na claridade, jovens da Universidade, conversam sobre sexualidade. A televisão está ligada. Igrejas estão lotadas. Os celulares estão conectados. Alguns choram, outros riem abraçados. Muitas cenas, muitos sons, muitas vozes, muitos dons encontro nesse emaranhado de desejos e desdesejos.

Enquanto quieto, prestando atenção nos verbos dos inquietos. Surgem zumbidos como de muitos insetos. Vejo palavras flutuando pelo ar, formando frases, quase as posso tocar. Orações regidas por um verbo. A regência da ação compõe o verso, dando sentido ao sujeito sem jeito:

—“ ‘Deus’ meu! Protege a minha família!”
—“ ‘Deus’ meu! Dá um bom futuro para a minha filha!”
—“ ‘Deus’ meu! Preciso de segurança!”
—“ ‘Deus’ meu! Cuida dessa criança!”
—“ ‘Deus’ meu! Estou muito angustiado!”
—“ ‘Deus’ meu! Não sei o que fazer no trabalho.”
—“ ‘Deus’ meu! Da-me uma solução!”
—“ ‘Deus’ meu! Socorre meu coração!”
—“ ‘Deus’ meu! Só o senhor pode me salvar!”
—“ ‘Deus’ meu! Preciso de uma resposta. Vem me sarar!”
—“ ‘Deus’ meu! Obrigado por tudo!”
—“ ‘Deus’ meu! Tu és o meu refúgio.”

Observo tais orações(frases), conduzidas pelas ações(verbo), brotando das mãos daqueles que as levantam nos salões da fé. Dos pés descalços na Santa Sé. Do peito das crianças na calçada. Dos beijos na namorada. Da boca do fumante. Dos braços dos amantes. Das mãos que escrevem a poesia, que tocam o violão na noite fria, que pegam o dinheiro, que abraçam o filho, que acessam a internet, que pegam o controle da televisão. Dos pés que tocam a bola. Dos olhos que se admiram no espelho. Dos braços musculosos. Da mente do filósofo. Dos seios da mãe. De várias partes dos corpos, eu posso ver saindo as orações, algumas visíveis e expressas claramente em sensações, outras não tão claras, em apenas emoções.

Cada verbo da ação dá sentido ao sujeito sem jeito.  A oração está sendo dirigida àquele a quem a ação é oferecida. A boca clama ao cigarro que vai de encontro a ela. Os pés pedem à bola. As mãos invocam o invisível no céu, a imagem visível na parede, ou ao homem na frente. As mãos falam ao celular, à poesia, ou ao dinheiro. Enfim, cada coração que pulsa, vibra uma oração expressa na ação. Quartos e salas ecoam gratidão, petições ou apenas o silêncio dos corações.

Ainda sentado, subjetivamente, olhei-me, e pensei:

“ ‘Deus’, palavra tão pequena, mas de dimensão imensa. Ainda que não seja dita com a fala, é expressa nas ações. Nem todos a declaram, mas todos a vivem. Alguns têm consciência, outros não. Há aqueles que abertamente falam para um ‘deus’, mas pedem proteção para outro.

O que se esconde por de trás dessas poucas letras visíveis ou invisíveis, sonoras ou silenciosas? Cada coração o sabe, e só este o sabe e mais ninguém. O que eu sei, ou acho que sei, é que, todos nós somos servos na /e da vida, pois tudo o que fazemos é para nos manter 'vivos'. É pela vida que acordamos, trabalhamos, lemos, respiramos, dormimos, brincamos, comemos[...] ainda que às vezes pareça pela morte. 

A Vida é como uma Religião com o seu Sagrado supremo. Onde viver é um ritual, e cada indivíduo realiza o seu sacrifício diário. É como o Olimpo com seu Panteão. É como Sinai com a voz do seu deus invisível. Ninguém vive ou morre para si mesmo, mas assim o faz para o seu deus. Seja o deus da Bíblia, do Alcorão, do Capitalismo, ou sem aparente definição. Individualmente, temos um ‘senhor’, um ‘deus’, um ‘totem’, o qual se assenta sobre o trono da vida, com forma ou sem forma, com nome ou sem nome, e para esse damos o nosso suor. Damos as nossas orações".


(Carlos Coléct)



MULETAS OCULTAS

Em um dia refrescante, onde as nuvens escondiam o Sol, levantei-me e fui dar uma volta pelas ruas petrificadas. Ao abrir o portão, deparei-me com pessoas usando muletas. Fiquei impressionado, pois todas as pessoas as estavam usando, inclusive eu. Então, me propus a perguntar para aqueles a quem encontrara:

—“Por que estamos usando muletas?”

Um senhor de idade, tomou a voz rapidamente e me respondeu:

—“Ei moço, não fale alto, eles não sabem que estão usando muletas. Mas eu te digo que todos nós saímos do paraíso. E ao sairmos, caímos na existência, e por isso usamos muletas.”

Fiquei pensando no que ele havia me dito. O que ele queria dizer com “saímos do paraíso e caímos na existência”?

Estaria falando do momento do nascimento, quando estávamos no aconchego, no calor e no sossego do ventre de nossas mães, como que em um paraíso? E de repente fomos lançados para fora, sentimos a dor da existência e caímos na sobrevivência?  Seria isso o motivo de estarmos usando muletas? 

Depois de muito refletir, compreendi ser esta a minha interpretação das palavras do velho homem.

E após me questionar sobre isso, sem me referir as muletas, pois não tinham consciência de que as estavam usando, perguntei para as outras pessoas para onde estavam indo. 

Um senhora, bem vestida, disse-me:

—“Estou indo para a clínica, fazer uma plástica. Minha amiga fez, e rejuvenesceu muitíssimo.”

Um jovem, vestido de preto, com uma tatuagem no braço, disse:

—“Estou indo para o show da maior banda de rock que já existiu.”

A jovem, com uma saia muito curta, respondeu:

—“Estou indo com as minhas amigas para a balada”

O homem de gravata e com a Bíblia na mão, respondeu-me:

—“Vou para a igreja de um pastor muito ungido por Deus.”

Outro homem com um chapeuzinho na cabeça, disse:

—“Estou a caminho da sinagoga para o serviço da Torah.”

Um jovem, bem apanhado, disse-me:

—“Estou indo para o trabalho.”

Uma adolescente, muito bem aparentada, respondeu:

—“Eu estou indo para a faculdade.”

E muitos outros deram as suas respostas sobre para onde estavam caminhando. 

Percebi que uma moça tentou mudar sua trajetória. Ela não percebia o uso das muletas, mas eu as via. Então, segundo a visão que estava tendo, observei uma moça tentado se livrar das suas muletas, mas caiu na existência, sem forças para se levantar pegou as muletas novamente e continuou em seu caminho. 

Pela a imagem que estava vendo, tive a impressão que era quase impossível se desfazer das muletas, elas nos sustentavam para podermos caminhar. Se fazia necessário aprendermos a conviver com elas.

Mas outra percepção que tive é que, haviam vários modelos de muletas. Algumas era de ferro, outras de madeira, outras de plástico, outras de alumínio, e ainda haviam aquelas que eram de ouro. Algumas maiores, outras menores, desconfortáveis, outras forradas e confortáveis. Por isso, algumas machucavam os braços e outras não.  

Era preciso encontrar uma muleta que melhor se encaixasse sem causar muita dor e desconforto. Podia-se trocar de muletas, mas não se podia ficar sem, pois todos nós ali éramos deficientes, e precisávamos das muletas para compensarmos o manquejar, conseguirmos permanecer em pé, e assim, caminharmos em direção ao paraíso, ou o mais próximo dele.

E desta forma, compreendi que as muletas não eram de todas ruim, apenas era necessário aprender a usá-las de modo correto e saudável, para não se machucar. E se caso fosse preciso, era permitido a troca.


(Carlos Coléct)



SOMA das MÃOS

No juntar das mãos
No entrelaçar dos dedos
Há uma infinidade de conexões
Amenizam-se os medos
Despertam-se as emoções
Ativam-se os nervos

Aliviam-se as solidões
A eletricidade corre sem receio
Movem-se os turbilhões
Misturam-se os desejos
Nascem as sensações

Seja a segurança na criança
Mãos que nos levam na infância
Seja a paixão no jovem
Mãos que nos conduzem para a cama
O cuidado no idoso
Mãos que ensinam o caminho
Mãos que não nos deixam sozinhos

Um simples toque
A SOMA das MÃOS
Provoca um grande choque
Que nos liga e reaviva
Remove de nós a morte
Para seguirmos na vida.

(Carlos Coléct)




Lembro-me da infância, dos banhos de chuva, e das brincadeiras com água.
Engraçado, como quando crianças, gostávamos de nos molhar sem qualquer receio.
Queríamos mesmo é encharcar os pés, escorregar no sabão ou na grama,
atirar com um revólver de água, andar de bicicleta, sem medo de raios.
Ainda que a mãe dissesse " filho, você vai pegar uma gripe!",
qualquer poça era uma piscina e motivo de grande euforia.
Estávamos limpos, ingênuos na vida, e tínhamos prazer na água,
mas hoje, talvez, quando mais precisamos nos molhar na brincadeira da vida,
usamos guarda-chuva e botas de borracha.


(Carlos Coléct)

Há momentos em nossas vidas
que se assemelham a um parquinho de diversão.
Há aqueles que nos servem apenas como um trampolim
e não como uma roda-gigante que fica girando no mesmo lugar.
Há outros que são como um escorregador,
em que deslizamos, sem muito esforço.
Também existem aqueles que nos são como uma gangorra,
em que descemos para elevar o outro,
e o outro também precisa descer para nos elevar.
E ainda há momentos que nos são como o balanço,
onde precisamos de um empurrãozinho do outro.

(Carlos Coléct)




SOB O OLHAR DE UM DESCONHECIDO

Mais um espetáculo no horizonte se iniciava. A manhã despontava na linha do nada. A Ilha do Mel, ao fundo, dava seu “bom dia” à Pontal do Paraná que despertava. 

Era verão. O mar o Sol beijava, uma explosão de cores impressionava, quando olhei surpreso para as águas, ali um reflexo brilhava, e a atenção me chamara. Percebi que era a imagem de um menino, ou pelo menos parecia um menino, que acordado sonhava com um futuro que imaginara, lembrava dos dias que vivenciara, ou simplesmente pensava sobre o mundo que o cercava. 

Fui-me em  direção a ele, pedi licença, sentei-me ao seu lado, ele com um olhar assustado e desconfiado, permitiu a minha companhia para observar a vida que havia recomeçado. 

Ele me parecia alguém familiar que já conhecera. Talvez, já o havia visto pelo local no dia anterior, ou apenas não o havia notado em algum tempo passado.

Até o momento, achei que se tratava apenas de um menino, de aparência franzina, de um olhar tímido, mas quando começamos a compartilhar o momento, percebi que se tratava de alguém muito além do que os meus olhos observara. 

Havia algo por de trás da aparência franzina e do olhar tímido. Havia uma grandeza e uma visão que comunicava muita beleza. Estava prestes a conhecer ou reconhecer uma profunda sutileza e grande riqueza. A fraqueza vista, me surpreenderia com uma visão de fortaleza. Na verdade, seria uma força no reconhecimento da insuficiência. 

Comecei a perceber, que a sabedoria, nem sempre, está na postura corporal, na fala eloquente ou com o ancião de dias. Ela habita na simplicidade do humilde caminhar e na consciência de que nem tudo se pode explicar. Muitas vezes, encalacrada nos pés descalços, sujos de terra, ou marcados pelo asfalto. No casebre em meio a mata, junto ao forno a lenha, nas mãos feridas pela enxada, pode haver mais riquezas do que em mansões douradas. 

Observei o menino, sentado, dialogando com a vida, ou consigo mesmo, descodificando os códigos da criação. Em silêncio, falou-me mais do que qualquer longo discurso de graduação. Não quis de maneira alguma atrapalhar a reflexão, apenas me sentei e olhei. 

E quando olhava, as ondas do mar se acalmaram, e o reflexo do rosto antes desfigurado pelas ondulações, tornou-me mais claro as suas afeições. Espantei-me com o que vi, pois era um Homem de ciência e não apenas um menino de aparência. E quanto mais as ondas se aquietavam, mais me espantava, porque a imagem ficou nítida. A imagem refletida era a minha. Por isso, me era tão familiar,  como se já o conhecera. 

Caí em si, e entendi que, há dias em que precisamos ser sinceros e nos olharmos como um desconhecido, como uma imagem desfigurada cheia de ruídos, pois quando nos enganamos como conhecidos, trazemos a imagem comum de todos os dias, e as qualidades nos passam despercebidas, pois nos é ordinário. 

Mas quando nos vemos como algo sem sentido, obscuro e escondido, seremos instigados e pela angústia convidados. As vezes precisamos parar, e olhar em silêncio diante do espelho, e apenas observar o menino de aparência, até que ele comece a se transformar no Homem de ciência.


(Carlos Coléct)

MuDANÇA!

São nas mudanças que reencontramos o que se havia perdido. 
É no caos que deixamos as que não haviam mais sentido. 
São nas desordens que abraçamos a ordem. 
Sou grato pelas mudanças sofridas ao longo desses anos, 
pois reencontrei preciosidades e larguei as inutilidades. 
Principalmente, agradeço a mudança mais recente em minha vida, 
a qual me proporcionou um bom reencontro com a poesia. 
Mudanças são fases. São gavetas reviradas. 
São roupas doadas. São caixas empilhadas. 
Cartas rasgadas. Declarações reavivadas. 
Mudança é sair. É entrar. 
É caça ao tesouro. É desconforto. 
É cansar. É causar. 
É oportunidade. É saudade. 
É se despedir. É novidade. 
É chorar. É rir. 
É se despir. É descobrir. 
É crise. É se adaptar. 
É transformação. É transpiração. 
É inspiração. É desorganizar para organizar. 
É para sempre deixar. É jogar fora. 
É voltar. É pegar de volta
MuDANÇA é isso, é mudar conforme a dança! 
É se movimentar segundo o que a música manda!

(Carlos Coléct)



"ENTRELINHAS DO BORDADO"

Passeando de bicicleta pela praia, corto a areia com a borracha, ainda molhada pela chuva que a pouco refrescara a tarde ensolarada. Transformo a forma da gota no chão marcada. Os siris correm para suas tocas, escondendo-se do suposto perigo eminente, mas logo dão as caras novamente.

Instigado a observar o mar, percebo uma ilha próxima, cujo nome é Currais. Ela beija o céu e se banha junto aos corais. Abaixo da superfície protege a costa e acima, faz das suas rochas o berço das aves migratórias. Avisto outra Ilha, chamada de Ilha do Mel, de doce beleza, de lenda encantada, antiga fortaleza, do Farol que se faz achada.

Sobre o mar, barcos navegam tranquilamente. Embarcações enormes que percorrem mares internacionais, se aventuram em grandes distâncias, usufruindo dos caminhos ocultos dos meridionais, atracam no Porto de Paranaguá e ali o marinheiro desembarca. Mais próximos, alguns barquinhos pedem licença e lançam as suas redes, para porem na mesa, o almoço farto de peixes.

Na beira, um pescador amador, relaxa molhando os pés nas calmas águas. Ao redor, crianças se banham e brincam com suas pranchas de isopor. As conchas, que outrora eram moradas de moluscos marinhos, agora embelezam casas e alegram os pequeninos.

As nuvens são refletidas e dançam no balanço do mar, quase que escondidas, mas para quem ouve a canção, elas se tornam percebidas. Os raios solares penetram até as profundezas sem perder a sutileza. A Lua ainda dormindo, logo despertará, e fará avançar as marés. Os homens se esquentam sobre a areia e descalçam os pés.

As gaivotas, em voos rasantes, procuram o alimento confortante, doado pelas correntes do mar soluçante. Outras aves mergulham em meio aos cardumes alvoroçados. E ainda, outras esperam os pescadores chegarem do trabalho, pois comerão do que sobrar no barco.

O poeta se assenta e se inspira na bela paisagem. O pintor eterniza a imagem. O fotógrafo registra a quase miragem.

Como que se tudo estivesse costurado, com linhas bem definidas, porém, em fios de nylon, quase transparentes, a vida se une entre si como um lindo bordado.

Então, ouvi uma voz, a minha própria voz falando comigo, como um eco do que havia visto:

“Cuidemos e zelemos pela natureza e pelos animais, não porque somos bons ou precisamos salvar o Planeta, e sim, porque precisamos salvar a nós mesmos, pois somos a natureza, somos os animais; somos o céu, somos o mar; somos os peixes, somos o Planeta; somos as águas, somos a areia. Estamos unidos pela costura da Vida, pela linha da sobrevivência. Somos as entrelinhas do bordado. Somos a imagem que aparece no entrelaço!”

(Carlos Coléct)



A VIDA É BOA
Mas pode ser assustadora 
É como o barco em alto-mar 
Flutua naturalmente pelas ondas 
Mas pelo balanço pode enjoar 
É muito prazeroso e belo 
É como estar no meio do nada cercado por mistérios 
Incertezas, perigos, mas também muitas belezas 
Alguns têm o barco maior e outros menor 
Outros possuem embarcação enfeitada
E há quem tenha apenas uma canoa desajeitada
Porém, o balanço e a beleza do mar são os mesmos 
Tudo depende de como aquele que no barco está
Se portará, verá e sentirá.

(Carlos Coléct)



MENINICE DA VELHICE 

A idade se vai
No espelho não se encontra mais
A gravidade atrai
Pesa sobre os ombros
Trai o corpo que cai
Mas afrouxa o tempo antes preciso
Alivia o compromisso
Concede direitos de Ser
À alguém que quando “jovem”
Só conhecia o dever
Permite-se concessões na velhice
Deixa-se falar a meninice!

(Carlos Coléct)





DAR PELO CUIDAR

Soltar o inexistente amanhã
Liberá-lo para o incerto depois
Deitar-se na cama
Entregar-se a quem se ama

Sentir-se aceito
Faz acalmar o peito
Traz a mente para o momento
Em que o prazer do cuidar traz alento
O cuidado revigora o sossego
No colo do aconchego! 

“Cuidado” que não reflete o “perigo”
Como nas placas do local proibido
“Pare, não siga, território restrito!”
Pelo contrário, ele convida
Manifesta a segurança no “prossiga!”
“Com respeito, deite-se e renove a vida”!

(Carlos Coléct)



ANSIEDADE

Ânsia pelo amanhã que não se tem
Insegurança por aquilo que não se pode segurar
Inquietude que faz cansar
Sem sair do lugar

A mente dividida
Faz em partes o pensar
De quem se sentiu rejeitado
Anulado pela falta de cuidado

Pela ausência na infância
A carência do passado
Tem se instalado na dúvida do futuro
Nada vê além de um muro

Ansiedade que incomoda
Que faz fugir o agora
Corre pelo tempo afora
Sem parada obrigatória

Os sintomas somatiza
No corpo evidencia
Tira a calma
Acelera a alma!

(Carlos Coléct)



PIPA - A VIDA POR UM FIO

Algo tão simples e pequeno é a pipa
Mas para a criança é grande alegria
Vendo-a deslizar levemente em suas curvas
Subindo à grandes alturas
Segurando-a por fio
Não a deixando cair pelas ruas

Assim é o Homem
Sustentando e segurando a sua vida
Quando ela está por um fio
Corre contra o vento
Enfrenta o desafio
Sobe as correntezas como de um rio

Quanto mais vento
Quanto mais contratempo
Mais a vida sobe em movimento

Há quem queira o fio do outro cortar
A pipa do outro derrubar
Mas este não é o saudável prazer
E sim o fazer a pipa voar
E a altura manter

A vida é para ser solta
E não para ser retida
Deixa-se ir livremente
Com o cuidado do fio que limita
Para que ela não caia de repente

Essa é alegria
De quem vive a vida
Como a criança que solta pipa!

(Carlos Coléct)


O DIAMANTE

Certa vez, falou-me um diamante
Tristonho e sem amante
No recôndito da caverna
Sob uma muralha de pedra

—“Olá, você que sobre mim se assenta
Por que estou aqui tão escondido?
Penso que ninguém reconhece o meu brilho!
Nem eu mesmo sei se o tenho!

Há tanto tempo no escuro
Já não posso distinguir o que é puro
Vejo-me coberto de lama e terra
Não sei se alguém achará o que espera

Aqui é tão difícil de chegar
Vou subir e ser como as outras pedras do riacho
Assim posso ser achado
E pela minha amante encontrado”

Então, a ele disse:
—“Você jamais será achado sob a forma de uma comum pedrinha
Pois um conhecedor de tesouro não a busca nem a deseja
Busca o valor da raridade, do incomum, da diferença
A tua amante te quer pela tua sem igual essência  

Ainda que você seja grosseiro e duro
No momento informe e sujo
É o que atrai a atenção e os olhares
E está nos mais belos colares

Quem te busca
Busca pelo teu valor
Não o diminua para ser facilmente encontrado
A tua amante, como uma caçadora de diamante
Saberá o caminho para te fazer achado!”

(Carlos Coléct)



(DES)CALÇANDO AS PALAVRAS

Palavras que me vestem os lábios
São como os sapatos que me calçam
Para cada local e para cada espaço
Há um par para os meus pés descalços

Novos, usados ou de reciclagem
Cresço e já não mais cabem
Envelhecem, desgastam pelo muito usar
Vejo-me precisando de um novo par!

Há aquele que machuca e aperta
Essa é a palavra da dor ou a que liberta
Há aquele que dá altura e embeleza
Que deixa sério ou que alegra
Esse é o falar oportuno para a festa

Há o momento em que se desamarra o cordão
Os pés respiram e tocam o chão
Caminham sem alguma preocupação
Ou simplesmente repousam no salão

Talvez essa seja a hora
Em que os lábios desnudos
Sem a pressão do agora
Ou do falar esplêndido
Calam-se e se fecham no silêncio.

(Carlos Coléct)




DIÁLOGO COM A ESPERANÇA

Olhei para aquela que se encontrava deitada, e disse:
—“Oh adormecida Esperança!
Como te despertar deste sono tão profundo
Em um mundo que desaprendeu o teu caminho
Que desconheceu o esperar
E que só conhece o imediato, o agora e o já?!

Oh Esperança!
Tanto demoras a acordar
Que fazes entristecer meu coração
Na ânsia de querer
O que não vale a atenção

Você que não morre
Mas apenas dorme
Como faço para te fazer abrir os olhos
Em um mundo onde o “daqui a pouco” é muito tempo
A falta de paciência conduz ao desespero
A ansiedade rouba o contentamento
Acelera e encurta a distância para o momento?!

Tal é a experiência de uma criança
Que te desconhece na infância
Pois não sabe o valor do tempo
Do amanhã ou do depois
Esperar é uma tortura inquietante
Desesperançosa angustiante

Aguardar para brincar?
Inconcebível tal ideia
A impaciência ao olhar o bolo crescer
Parece que nunca haverá tempo para comer
O que tens a me dizer?!
Sei que estás sonolenta
Mas posso te compreender
O que tens a me dizer?!”

Ela, então me disse com os olhos entre abertos:
—“Reaprenda a ESPERAR
Reencontre a paciência
Tenha algo para aguardar
E eu, a ESPERANÇA
Lentamente vou despertar
E tornarei tua alma quieta

Pois estou na casa daquele que aprecia o valor da ESPERA
Estou na colheita enquanto ainda se planta
Na espera do canto daquele que ainda chora
Na paciência de quem espera a próxima dança
No compasso seguinte da música que toca!

Eu sou boa
Mas tenho o meu lado mal
E este se chama DESESPERO
E perturba a alma impaciente
A qual não é ciente
Que ESPERAR pelo bem que se quer
Faz aumentar pela vida o desejo!”

(Carlos Coléct)



INTERMINÁVEL EXPEDIÇÃO!

Quando eu nasci
Ainda informe
Imóvel, incapaz de agir
Os seios de minha mãe eram parte de mim
Seus braços eram meus
Seus pés eram a minha locomoção

As mãos de meu pai eram a minha força
Eram o meu caminho da escolha
Não havia EU nesta história
Nós é o que havia
Enquanto o meu EU se constituía
Era assim que o mundo eu conhecia

Com o tempo meus braços cresceram
Alongaram-se para além do berço
Meus pés conheceram o tropeço
Pude sentir que eram meus
Meu olhos me viram no espelho
Notei-me como um ser distinto
Dotado de seu próprio instinto

Quando comecei a desbravar
Percebi que tinha um corpo
E que era só meu
E que esse corpo era eu!

Diante de mim grandes mistérios
Um mundo desconhecido
O meu mundo!
Tocar, cheirar, mastigar
Sentir o chão
Oh que descoberta!
Minha interminável expedição!

(Carlos Coléct)


“Muitas vezes, diante da mulher desejada
Pensa-se minuciosamente no que irá se falar
O adulto se enche de intrepidez
Mas na hora “H”
Quem toma a vez
É o menino em sua timidez!”

(Carlos Coléct)



“A Sabedoria não está no quanto se lê
Está na transformação do conhecimento
Do conhecimento para o entendimento
Do entendimento para a habilidade
Da habilidade para o bom senso!

A Sabedoria está no quanto se vive
Pois sabedoria é saber viver
É saber que se vive e que em um mundo existe
É saber dançar no ritmo descompassado
É saber nadar no mar agitado
É na multidão das vozes se fazer como surdo
É saber falar no silêncio dos mudos!"

(Carlos Coléct)



“A minha visão do Mundo não é a única certa
E nem sei se é correta
Mas é como eu vejo da minha janela!”


(Carlos Coléct)


Não gosto do caminho da multidão
Esse caminho é o caminho da manipulação
Da irracional sujeição!

(Carlos Coléct)


O que eu quero mesmo é ser estranho
Ser diferente
Ser Humano
Ser desconcertante
Soar como uma nota dissonante
Ser a dissonância que fará rica a sonoridade
E que convida a Humanidade
A subir de tonalidade!

(Carlos Coléct)



LEI da LEItura

Ler é uma dádiva
Ler é algo extraordinário
LEItura é uma LEI fantástica
Mas não se restringe ao livro encadernado
Ou aos papéis empoeirados
Muito menos se restringe aos olhos
Lê-se com as mãos, com os sentidos nos corpos
LEItura é a LEI dos inconformados
Daqueles que não ficam sentados
A boa leitura é aquela que te move
Que tua alma consome, absorve
Que instiga, provoca e promove
A boa leitura não é aquela que te dá conteúdos
Mas é aquela que te faz criar seu próprio mundo
Bendito o Homem que aprendeu a Ler
Que aprendeu a ler as folhas de uma árvore
Os versos em uma ave
As estrofes nos mares
Bendito o Homem que aprendeu a Ler
Que aprendeu a ler a sua alma
Mas não somente ler e sim interpretar
Decodificar a Criação que aqui mora
E as letras que compõe a aurora
Bendito o Homem que em si possui esta LEI
A LEI da LEItura do Mundo e sua Criatura.

(Carlos Coléct)



A FACE OCULTA DO PENSAMENTO

Oh pensamentos que me inquietam
Da quietude me roubam
No sono me levam
Para um lugar que não quero
                 
Não sei quem são
E nem donde vieram
Por que me querem
Tirar-me do sério?

Estava a dormir
Quando me apareceram
Sem ainda poder decidir
Na porta não bateram

Entraram
Mas sussurraram
Para que eu sonolento
Pudesse aceitá-los

Aos poucos despertei
Acendi a luz da alma
E inquieto perguntei
Por que me tiram a calma?

Para os seus rostos olhei
Sim, os pensamentos têm faces
Não me calei, falei
E pedi para que se calassem

Percebi quem eram
Mandei-os embora
Para o lugar de onde vieram
Lugar que não é dentro, mas fora!

Pensamentos que mentem
Aparecem com frequência
É preciso tirá-los do inconsciente
E trazê-los para a consciência

A face do pensamento
Na forma de lembrança ou imaginação
Será vista no momento
Em que for trazida da escuridão!

(Carlos Coléct)


CONFIDENTES

Em uma bela noite abafada
Depois de um dia de mente cansada
Decidi por caminhar pela praia
E fazer companhia a Lua solitária
Ou, pelo menos, era o que eu achava

Enfadado pela minh’alma que duvida
Conversamos sobre a vida
Refletimos sobre o que existia
Sobre o sentido do que se via

E aos poucos a noite ficou estrelada
Como que se no céu houvesse estrada
E quem sabe, de fato haja

Surgiram pontos formando caminhos
Então a Lua me disse sorrindo:
“Você pensou que estivéssemos sozinhos?
Nunca estivemos meu amigo
As estrelas nos emprestam as suas luzes
E em nossos olhos fazem carinhos
São as nossas confidentes
Nas noites frias ou quentes”
Virei-me para ela e concordei sorridente!

(Carlos Coléct)



 VERSOS ALADOS

Cantei e desejei te encantar
Teci palavras como a rede que se lança ao mar
Não para prender e sim para libertar

Não sei se fiz certo ou errado
Apenas abri os meus lábios
E libertos, foram-se os versos alados

Voaram em direção aos teus ouvidos
Convidando o teu coração à um novo ritmo
E ali procuraram abrigo

Por favor, não feches a porta
Sem antes ouvir o sonido das cordas
E por um momento se permita voar além da órbita

Mas se cansada quiseres dormir
Nada desejando ouvir
Não penses mal deste simples poeta cativado pelo teu sorrir!

(Carlos Coléct)



PRISIONEIROS

Caminhamos em uma era de exageros
Tudo deve ser inteiro, sem meios
Tornamo-nos em nós mesmos prisioneiros

Trabalhamos para sermos livres
Mas com o nada ou com a falta não mais se vive

Nossos esforços nos fazem cativos
Passivos, dependentes de um estilo

A luz elétrica foi cortada!
E agora?!
Como agir no escuro?!

Acabou a água encanada!
E agora?!
Como limpar o que está sujo?!

Caiu a banda larga!
E agora?!
Como se conectar ao mundo?!

Acabou o gás!
E agora?!
Como cozinhar?!

Estragou o micro-ondas!
E agora?
Não posso esperar
Como me alimentar?!

Quebrou o carro!
E agora?!
Como faço para chegar?!

Faltou o dinheiro!
E agora?!
Como faço para viver?!

Assim somos possuídos pelo o que achamos ter
As coisas nos têm
Porque é o que nos convém

Mas a “liberdade” na falta eu encontrei
Naquilo que não tinha quando precisei
Outros caminhos tive que percorrer
E em um mundo de inteiros e exageros
Fui conduzido pelos meios
Novos meios para deixar de ser um pouco menos prisioneiro

Na falta da luz elétrica
Encontrei o Sol e a Lua
Na falta da água encanada
Conheci o rio que por traz da minha casa passava
Na falta da banda larga
Conheci pessoas engraçadas e pude abraça-las
Na falta do gás
Conheci um lindo pomar
Na falta do micro-ondas
Aprendi  a preparar a comida e a esperar
Na falta do carro
Caminhei e lindas paisagens pude observar
Na falta do dinheiro
Aprendi a me contentar

Mas a “liberdade” na falta eu encontrei
Naquilo que não tinha quando precisei
Outros caminhos tive que percorrer
E em um munto de inteiros e exageros
Fui conduzido pelos meios
Novos meios para deixar de ser um pouco menos prisioneiro

Na falta aprendemos também a ter
Portanto, agora, tendo ou não tendo
Mais “livre” eu posso viver!  

(Carlos Coléct)




MUSA INSPIRADORA

O poeta não olha
Ele aprecia, ele se delicia
Não com uma mulherota
Mas com o motivo da sua poesia

Ele contempla sua musa inspiradora
A razão pela qual a sua mente cria
É ela a companheira encantadora
Muito além da mitologia

Aquela que lhe desperta as palavras
E a cada manhã faz sua alma sonhar
Atrai com “bocas e caras”
E lhe inspira a cantar

Feliz é o poeta que sente sua alma vibrar
Pelos olhares da amada
As vogais começam a soar
E do peito nasce a poesia inspirada!

(Carlos Coléct)


Olhei para fora
Vi o céu triste
Só chove, só chora
Então lhe perguntei:
—“O que te incomoda?”
Ele me disse:
—“Uma estrela foi embora
Espero que um dia ela volte
E traga novamente
O seu brilho que me colore!”

(Carlos Coléct)


Só me resta olhar para o infinito
Esperar a estrela que cai
E lhe fazer um pedido
Pois quem sabe ela traga consigo
Um amor que não se esvai

Faz seu ninho, mas não em cárcere
Não se vai e decide ficar
Por isso, vou regar a árvore
Para o Bem-Te-Vi
Que em breve vem morar!

(Carlos Coléct)




ASSINATURA LEGÍTIMA

Somos seres marcantes
Únicos e impressionantes
Nas pontas dos nossos dedos
Expressa-se o carinho, o calor ou o medo

Temos impressão digital
Deixamos uma marca ao tocarmos o outro
Causamos uma marca sem igual
Talvez muito, talvez pouco

Assim somos marcados!
Seres que marcam
Seres que deixam um pouco de si em tudo o que é tocado!

Há quem nos toca suavemente
E por pouco tempo sua impressão em nós fica
Logo passa
Logo é esquecida.

Mas há quem nos abraça fortemente
E deixa sua marca incandescente
Como que feita pelo fogo
Deixa parte de  quem é em nosso corpo

A marca profunda e permanente
Não tem a dor ausente
Pelo contrário, é como uma tatuagem
Corta, sangra, mas forma uma bela imagem

Com a impressão pelos dedos gravada
Somos marcados e criamos a marca
Pelo toque doamos parte de quem somos
Assinamos no outro a nossa carta!

(Carlos Coléct)



MAR(c)AS que SARAM
São marcas feitas de trás para frente
De dentro para fora
Com um “c” de Corte
Mas quando sara o “c” some! 

(Carlos Coléct)


Belas são as borboletas. 
E nos ensinam que precisamos aproveitar os momentos de casulos de nossa vida. Temos vários casulos (pupas),os quais em alguns momentos nos parecem como prisões, mas são necessários para uma etapa futura. É uma fase de libertação para se alcançar outra. São nos momentos de endurecimento e fechamento de nossa alma, tal como em um casulo, que as asas se formam, ainda que sejam para um voo de curta duração. Mas logo o ciclo recomeça! Entre a larva de forma estranha, casulo rígido e recluso, belas asas e voos leves, a Borboleta vive o seu ciclo. 

(Carlos Coléct)


BOM DIA!

Brilha o dia
Que pelo horizonte se ia
E no caminho que por muitos não se percebia
Parou para dar razão a quem sorria

Da sua intocável moradia
O Sol acenou
Com ele nasceu a alegria
Deu à luz, a escuridade passou

O mar sorriu
Riu com o céu que se abriu
Dando passagem à luz ainda tão sutil
E contente lhe agradeceu:
“Obrigado, foste tão gentil!”

Como prata a água ficou
Brilhante, como que derretida
Para o Sol acenou
E lhe disse: “ Bom Dia!”
Retribuindo a suave caricia!

(Carlos Coléct)


Nem tudo está perdido
Enquanto houver a possibilidade de achar
Nada se perdeu por definitivo! 

(Carlos Coléct)


D“EU”s dos “EU”s

Deus que na verdade não é mEU
De ninguém, nem sEU
Ou seria apenas mEU?
Deus de quem não percebEU

De quem nunca crEU
De quem não morrEU
De quem sempre vivEU
Deus de quem sofrEU

Do céu que escurecEU
Do Sol que encandecEU
Deus meu, seu, tEU
Do apogEU

Do hebreu, do filistEU
Do menino que corrEU
Da criança que aprendEU
Da flor que florescEU
Da chuva que descEU

Deus dos muitos “EUs”
Creio que não há quem seja atEU

Se olharmos para dEUs 
Veremos nele o EU
Se olharmos para o EU
O encontraremos em dEUs!

Cada EU tem o seu dEUs
E nesse dEUs está o EU
De cada indivíduo que nascEU!

(Carlos Coléct)



Amamos a imagem
O que nos interessa é a roupagem

A importância está na bela carruagem
E não nas roupas de criadagem

Os velhos chinelos não atraem os olhares
É preciso um sapato de cristal e belos colares

Nos apaixonamos pela imagem
Ainda que seja apenas uma miragem
E a meia noite encontremos uma abóbora na garagem!

(Carlos Coléct)



Certa vez disse um poeta : 
"se me faltam palavras, 
ainda tenho as lágrimas, 
se me faltam lágrimas 
ainda tenho o murmúrio, 
e se me falta o murmúrio 
ainda tenho o silêncio, 
o qual é apenas uma pausa 
para a próxima nota a ser tocada."

(Carlos Coléct)




Pessoas são como as mais variadas espécies de flores, as quais crescem nos mais diversos terrenos.
Algumas são mais coloridas, outras mais visíveis e expressivas, outras mais acanhadas, outras venenosas, algumas raras [...]. 
Algumas com textura mais suave, outras mais ásperas. 
Algumas nascem de terrenos arenosos, outras sobrevivem em campos abertos, outras não suportam o asfalto, outras se alimentam entre os prédios das grandes cidades, outras nascem do mangue, e algumas flutuam sobre as águas dos rios [...]. 
Cada flor tem o seu terreno e suas condições apropriadas e favoráveis para melhor sobreviver, e fora desse terreno e condições existem aquelas que se adaptam, morrem ou apenas enfraquecem.

(Carlos Coléct) 


"A beleza do relacionamento 
entre duas pessoas está nos 
ruídos que se harmonizam, 
nas notas que se afinam, 
na diferença que forma os acordes 
e não no som uníssono."

(Carlos Coléct)


O amanhã não existe. 
O futuro só existe na imaginação. 
O agora é um instante incomensurável 
que se torna passado. 
E o passado existe, 
mas é reinterpretado a cada momento.

(Carlos Coléct)


Lua posso te visitar?
As vezes me sinto tão pressionado pelo ar
O ar me deixa pesado
Por um momento posso em ti flutuar?
Pois sei que no teu mundo não tem ar, não tem rua
Só há quem flutua!

(Carlos Coléct)


ENTENDE?

O que há dentro do meu Ser?
Tu sabes me dizer?
Por que dizes que sabes?
Se a Minh’alma na tua não cabes?
Sou como uma árvore
Cujas raízes se aprofundam em busca de nutrientes
Está oculta na terra inconsciente
Talvez para não ser vista
E se manter protegida
Por que dizes que me entendes?
Se nem a ti mesmo compreendes
Vês o mundo, vês o Todo
Mas não podes ver o profundo do outro
A menos que sondes as suas próprias profundezas
E ali no escuro encontres alguma beleza
Na superfície caminhas
E muitas são as línguas
Muitas são as linguagens
Que confundem os Homens
E os conduzem às inimizades
Ou quem sabe às verdadeiras amizades ! 

(Carlos Coléct)


O MILAGRE DA MEMÓRIA

Nos encontramos
Ainda que por um breve momento
Nos deciframos
Parte de ti ficou em meu pensamento
Nos enfrentamos
Frente a frente conversamos
Nos levantamos
Mas de nada foi o fim
Sua vida se instalou em mim
De tal modo que vives no meu Ser
Fazendo de um Ser, Seres
E uma lembrança te ressuscitas
Para novamente em minh’alma tu viveres
Nos reencontramos
Na memória de um instante
Dos sofrimentos ou dos prazeres
Do que se foi e que agora pulsa de modo vibrante!

(Carlos Coléct)


Ilusão!
É como a sombra que caminha com a realidade
É como a luz que existe para expor a escuridade
É como o reflexo no espelho do jovem em idade
É como achar-se na razão de ter razão
É como as asas que não elevam do chão
É como segurar o que se esvai por entre os dedos da mão
É como o faz de conta da canção
É como o futuro planejado na imaginação
É como o ideal de perfeição
É como o passado em sua múltipla interpretação
É como as cores no crepúsculo do dia
É como o calor que o Sol irradia
É como se fosse não sendo
É como a miragem que mira não vendo
É como o pensamento
É como as expectativas sem fundamento
É como viver sem adoecer
É como respirar sem crer
É como crescer sem sofrer
É como a alegria do poeta
É como a inspiração do profeta
É como a amada musa do compositor
É como a própria ilusão que existe sem se expor!
É como a mentira na verdade
É como a mentira que possui sanidade
Inseparável realidade e ilusão
Quem sabe seja necessária para não se perder o chão!

(Carlos Coléct)




O REnovo

Tudo é uma fase que passa
O tempo a si mesmo ultrapassa
O inverno não dura para sempre
Tudo está em movimento consciente ou inconsciente
O mundo não é estático
Não está parado
As nuvens estão sempre se movendo
Hoje estão aqui, amanhã se foram com o vento
Vem o inverno, tudo fica frio e escuro
Mas logo, no seu tempo, surgem as cores
Derrete-se o obscuro
A flor aparece, o Sol aquece
Chega a primavera
Ouve-se as canções dos pássaros na janela
Mas as folhas novamente começam a cair
E chega o outono em uma mistura
Do que ainda não se foi e do que está por vir
Tudo é um processo de renovo
Necessário para a existência do novo
Tudo precisa se renovar
E para isso, as folhas precisam voar
O frio precisa chegar
Para que o sol possa a vida esquentar
Mas alguns gostam do Inverno
Outros detestam a Primavera
Alguns se deliciam com o Outono
E há quem do Verão nada espera
Mas cada fase tem o seu benefício
Seu bem para o Homem aflito !

(Carlos Coléct)



SOB O TEU VÉU ENCONTRO O CÉU

Se te canto
É porque me encantas
Ao mesmo tempo que te amo
Geras-me medo e me espantas

Oh Mulher
“Que sabes o que quer”
Já não sei te querer
Desconheço o que requer

Desperta-me o interesse
Mas fico como que encabulado
Teu modo de ser
Torna-me em um menino assustado

Oh Mulher
“Que sabes o que quer”
Já não sei te querer
Desconheço o que requer

Se faz como forte e independente
Ainda que seja frágil e doce
Em tua face não se faz aparente
Ah como querias que fosse!

Oh Mulher
“Que sabes o que quer”
Já não sei te querer
Desconheço o que requer

Sob os teus adornos encontro o céu
Mas me atemorizo pelas incertezas
Pelo oculto por de trás de teu véu
Lugar onde escondes as tuas belezas

Oh Mulher
“Que sabes o que quer”
Já não sei te querer
Desconheço o que requer

Mas seja como for
Sou Homem nascido de Mulher
Desejo ser o seu amor
Careço de teu calor

E lhe peço:
“Não rejeites apenas uma flor
Colhida pelos campos da dor
Ainda que seja simples, é profunda
Cresceu sob a luz da Lua
E se expande para dar beleza à um mundo de curvas
Ao seu mundo, à vida sua”

Oh Mulher
“Que sabes o que quer!” 

(Carlos Coléct)



A LAVRA DA PALAVRA

Estando eu sonolento
Com a visão turva
Ainda lento
Ouço os pingos da chuva
Trazendo alento

As flores agradecem
A sede saciada
Pelas águas que descem
Da nuvem sagrada

É do meu agrado
Também ser regado
Ter as folhas lavadas
Pelos pingos das palavras

Palavras que lavram
Que lavam a alma
A terra preparam
Para os frutos da alva. 



(Carlos Coléct)


ACORDO DE ACORDO

De experto desperto
Acordo de acordo
Com a vida que convida
Ao levantar do novo

Vi volta vi ida
Na partida se reparte
Entre a clareza do dia
E a beleza da arte.



(Carlos Coléct)




A VIDA QUE SE VAI INDO SE ESVAINDO

No final de um dia
Surgiu o cansaço
Correu a vida
Fugiu o riso do palhaço

Muito se refez
Muito se reproduziu
Mas pouco se fez
Pouco se viu

Senta-se no sofá
O afazer não pára
Uma xícara de chá
Para aliviar a escala

O ponteiro acelerado
Convida o amanhã
A vir adiantado
Sussurrando até pela manhã

A sensação aparece
Da vida improdutiva
A força desvanece
Ainda que muito ativa

Nos olhos a escuridão
Na cama o corpo se deita
Se inquieta o coração
A mente não se sujeita

A manhã surge
O compromisso desperta
O trabalho ressurge
Falta o tempo que espera

A vida se vai indo
Esvaindo-se pela janela
O músculo se contraindo
Com rapidez se apressa pela viela.


(Carlos Coléct) 


AFETO QUE AFETA

As palavras que cortam
Não cortam apenas a alma
O corpo transformam
Causam o trauma

O corpo se molda
Adquire uma nova forma
Por aquilo que ouve
Pelo fato que houve

A soma traz o resultado
No sintoma cansado
No enjoo somático
Na dor, tontura, músculo tensionado

O corpo sou eu
É o todo meu
Não se divide
Mas é afetado
Pelos afetos de quem vive.


(Carlos Coléct) 



Céus! Há alguém aí?
Estás tão distante e tão perto
Um calor procede de ti
A resposta sinto no afeto

Me assento
Olho para ti
E me envolvendo
Vou vendo
Em minha pele teu existir.


(Carlos Coléct) 



"Bom é para cima olhar
As nuvens vão passar
Com o vento a soprar
Se desfazem pelo ar

Tão simples
Tão profundo
Quanto os versos
Que estou a declamar!" 


(Carlos Coléct) 


Antes do que Tu, Eu
Antes do que Ele, Tu
Antes do que Nós, Ele
Antes do que Vós, Nós
Antes do que Eles, Vós
Antes do que Todos, EU!


(Carlos Coléct) 



Dor, a ti sou grato
Alertaste-me que algo estava errado
Sofrimento, dou-lhe o meu obrigado
Pela ordem no desordenado
Pela oportunidade que me tens abraçado
Pelo crescimento que me tens esticado
Como um ferro no fogo abrasado
Torno-me como a espada nas mãos do soldado!”

(Carlos Coléct em "D'ados do Homem Reinventado")




Se alguém, algum dia, me perguntar:
“Qual a crença que te faz respirar?”
Talvez eu diga:
"CREIO NA VIDA, pois o seu nome não sei pronunciar
Só sei que pode ser tudo o que eu puder imaginar
e muito mais do que a minha mente se atrever a pensar
A vejo até onde meus olhos puderem alcançar
Suas leis me regem e se apresentam no meu observar
Pode estar aqui ou pode estar lá
No meu quarto entro e fecho a porta para lhe encontrar!” 


(Carlos Coléct)


FALSA CULPA

A culpa não culpada
Falsamente incorporada
Falsa na mente
Mente apressada
Apressa a mentira
Que para si mesma cria
O corpo paralisa
Pára, não realiza
O irreal alisa
As curvas da vida
Atrofiada a mente fica
Na imagem da vítima
Mas na culpa removida
O remo conduz a ida
Por águas tranquilas
Da alma ressurgida.



(Carlos Coléct)




NA LINHA DE PRODUÇÃO

Em um estranho lugar
Os meus olhos se abriram
Vi a escuridão dos que dormiam

Toquei a minha pele
Estava fria e gelada
Um vazio no peito ficara

Olhei a vida coisificada
Não mais almática
Uma coisa inanimada

Coisas são coisas
Sem vida, sem valor
Sem alma, sem calor

Então, clamei a sós
No meio do silêncio
Daqueles que não tinham voz

“Devolva-me o coração
Recolha as minhas partes
Da linha de produção

Dê-me um nome
Sopre-me o ar
Tire-me do conforme

Solte-me desta máquina
Conduza-me para fora
Desta imensa fábrica

Meu propósito é dar sentido
Sentir o vivido
Nomear um mundo construído

Houve um engano
Não sou uma coisa
Ainda sou Humano!”


(Carlos Coléct) 


"O futuro é uma ilusão
De incertezas e surpresas
É apenas uma projeção
Do que Hoje se tem por experiências
A vivência do agora
Abre uma porta
Cria uma imagem ilusória!"


(Carlos Coléct)


Indo e voltando SOMOS

SOMOS na ida
SOMOS na volta
Indo e voltando SOMOS!

SOMOS se formos
SOMOS se voltarmos
Indo e voltando SOMOS!

SOMOS pelas costas
SOMOS pela frente
Indo e voltando SOMOS!

SOMOS por dentro
SOMOS por fora
Indo e voltando SOMOS!

SOMOS inteiros
SOMOS em duas partes
Indo e voltando SOMOS!

O “M” da M-etade
É o elo que faz o M-elhor
Separados SO-M-OS apenas SÓ!

SÓ na ida
SOmente na volta
SÓ por dentro
SOmente por fora!

Mas com dois SÓ’S
SOMOS inteiros
SOMOS verdadeiros
Indo e voltando SOMOS!

O “M” do M-eio
É o elo que faz o M-elhor!

(Carlos Coléct) 


“LUA!No horizonte beijas o mar
Em um encontro tão íntimo
Dás a luz ao Luar !”


(Carlos Coléct)



A VERDADE

"Não busco a Verdade
A Verdade me procura
Para a cura da vaidade
Se faz conhecer na liberdade

Na borboleta que se cansa
E na flor descansa
Para tornar à sua dança    

Abro a janela
Ela se apresenta
Cumprimento sem espera
O Sol que me esquenta

Ela sussurra no canto do pássaro
Que sempre esteve ali
Chama-me ao abraço
Convida-me a sair

A Verdade está aqui
Está logo ali
No verde da árvore
No ver-da-idade"


(Carlos Coléct)



O PRAZER SOLITÁRIO
“Ah minh'alma! Desejas o prazer, mas quando o tem se torna em desprazer
Sentes fome, mas ao se saciar queres vomitar o que comes
Ah minh'alma! Queres o não, mas quando o concebe não retribui gratidão
Desejas a alegria, mas busca a tristeza que esvazia
Ah minh'alma! Meu ânimo, minha desalma, meu desânimo
Minha calma se desa-calma no prazer solitário da alma
Por um tempo se debate como na batida de um trauma
Mas logo se reencontra nos braços do Ser que lhe acalma!”

(Carlos Coléct)  




“Ah Mar! A-mar! Se eu pudesse conhecer tuas profundezas
Não me perderia em minhas incertezas
Ah! Seu eu pudesse alcançar teu infinito
Os meus achismos se tornariam em finito
Mas em tuas águas os meus pés desencontram a seca
E na esperança se torna firme a areia!”


(Carlos Coléct) 



O RECOMEÇO DO DIA

O dia convida ao recomeço
A luz brilha no Sol que eu vejo
A Terra completou a rotação
Deu a volta em seu próprio eixo

Talvez seja isso que em mim aconteça
Para ter a luz do dia e a clareza
Preciso me voltar para minha inconsciência
No anti-horário da consciência
Olhar para a minha existência
Certo de que encontrarei resistência

Na contramão vejo o avesso
Deixo de ser cego e a luz eu conheço
Mas não demais, pois a luz ao extremo
É da cegueira o recomeço
Pois O Dia está no meio termo!


(Carlos Coléct) 



"Olho ao Céu, vejo o dia nublado
Mas nuvens se movem dando lugar ao dia ensolarado
Saio daqui e entro no mundo revelado
Não um mundo encantado
Mas um mundo onde posso ser recriado

O ar penetra em meus pulmões e me torna inspirado
O milagre acontece no Sol que diariamente tem se mostrado"

(Carlos Coléct em "D'ados do Homem Reinventado)



SOMos o SOM que ouviMOS

Sons que me encantam
E cantam nos cantos da minh’alma
Removem as sombras que me assombram
E fazem brotar a calma

Sons dos ventos que em meu rosto tocam
Tocam a melodia no assoviar
Areias do chão se deslocam
Decolam em uma dança circular

Sons das águas que até mim chegam na costa
Ondas que não cessam de quebrar
Orquestram o voo da gaivota
Que pelo céu não cansa de dançar

Sons que me levam ao passado
Transportam-me às lembranças
De algum dia ensolarado
Em alguma circunstância

Sons dos mais variados instrumentos
Conduzem-me às mais diversas sensações
Nos compassos e nos tempos
As canções me despertam as emoções

Sons dos ritmos e da harmonia
Que desde o princípio se tocava
Compõem um bela sinfonia
Para quem se propõe a escutá-la.


(Carlos Coléct) 




“Pensamentos e reflexões
Poesias, poemas e canções
Versos da história
Da cultura e da memória
Da psicologia, das religiões e psicanálise
Da vida e da Sociedade
Assim se compõe o retrato da Humanidade!”


(Carlos Coléct)



Ser Orgânico é Ser Vivo Organizado

Penso no Ser Organizado
Mas qual seria o significado?
Seria alguém ordenado?
Ou poderia ser alguém alinhado?

Penso que me ORGANIZAR
E ORGÂNICO  me tornar
Para com a vida me ajustar
Em um ORGANISMO me encontrar

Penso que me organizar
Pode ser me desordenar
Pode ser me desalinhar
Remover a linha e a ordem do caminhar

Ser INorgânico é ser desorganizado
É não ser um organismo ajustado
Justo na vida, no tempo e no espaço
Ainda que em ordem e alinhado

Talvez como um belo relógio
Brilhante e de prata
Mas que marca a hora errada
Desajustando os passos na caminhada

Penso no Ser ORGANIZADO
Ser ORGÂNICO, vivo e ajustado
JUSTO consigo mesmo, no seu próprio espaço
Como uma roupa JUSTA ao corpo
Como a pele justa aos ÓRGÃOS
Em um ORGANISMO ainda que desalinhado
Ser Orgânico é Ser Vivo Organizado!

(Carlos Coléct)



“O velho poeta
Encontra em si um profeta
O oculto da alma revela
Apresenta um "novo" mundo
Uma visão do que nos cerca
A palavra no profundo
Alcança o que o coração espera!”


(Carlos Coléct)


TERRA que me faz TER AR

TERRA que me esmera
Sem mera coincidência
De teu ventre ao mundo viera
Como ARrTE na existência

TERRA que me traz aconchego
Quando a ti me achego
Alimento-me nos teus seios
Agradam-me os teus muitos cheiros

TERRA que me faz TER AR
Quando os meus pés em ti tocam
Encontram o bem estar
Pois é a casa em que moram

TERRA que em mim habita
Rios que em mim correm
Natureza que reaviva
A vida dos que de ti comem

TERRA em meu organismo
Água em minha pele visível
Fazem-me parte do mundo em que vivo
Terra sou, natureza sou, Ser indivisível.


(Carlos Coléct) 



VIDA LATEJANTE

A vida é expressa no coração
Na pulsação
Na contração e expansão
Na retenção e expressão
Na movimentAÇÃO

O corpo se contrai no perigo
No sentimento aflito
Faz-se rígido
No medo a face do oprimido
O supercílio é franzido

A célula se expande para alcançar o desejado
Estica-se para avançar em passos
Expressa-se para ir além no espaço
Alarga as fronteiras do delimitado
Alongam os braços

A vida é expressa no pulmão
Na respiração
Na inspiração e expiração
Na aceleração e desaceleração
Na movimentAÇÃO

Morre-se no expirar
Vive-se no inspirar
Algo se perde no aliviar
Mas no penetrar o ar
O ganho vem se revelar

Não somente no contrair
Tão pouco apenas no expandir
Mas no latejar da pulsação
Observa-se o existir
Na intensidade do ir e vir

Nos encontros e desencontros
Nos incômodos e na acomodação
No afeto em que afetados somos
Como um feto em construção
No ventre da REcriAÇÃO!


(Carlos Coléct)



Amor é o sujeito
Sujeito que rege o feito
Surge de um jeito
E com respeito
Oculta-se e se revela no peito

Amar é o verbo
O ver de perto
Direto ou transitivo indireto
Fazer o certo
Errar, corrigir o incorreto

Amor é Ser
Amar é fazer
Amor é Pessoa
Amar não é a toa

Mas ainda na cama
Ponho-me a pensar
Como se ama
Sem machucar

Palavras ferem
Como os espinhos da rosa
Mas que só querem
Proteger a bela preciosa.


(Carlos Coléct) 


“A-m-o-r ao contrário
No sentido inverso do horário
M-o-r-A no romantizado
Subtrai, divide, mas não soma
No avesso teatro de  r-o-m-A !”


(Carlos Coléct) 


“Encontro a alegria
No acaso do inesperado
Nas surpresas
No espanto do não programado!”


(Carlos Coléct) 


“Oh Música que me anima
Dá alma onde não havia
Filtra os meus ouvidos
Dos gemidos que ali ouvia
Protege-me dos ruídos
Das ruínas que você ali-via!”

(Carlos Coléct)


A CRISE

“Em meio a dois caminhos eu me percebi
E agora por qual direção decidir?
Pois não quero perder o que até o momento eu vivi
A incerteza me paralisa no prosseguir
A relutância na mudança faz minha alma comprimir
A crise me faz a angústia sentir
Pois ora quero ficar, ora quero ir
A segurança está no que até hoje eu conheci
O desconhecido faz o medo surgir
medo de errar, de sofrer, de cair ou de não sorrir
O decidir envolve o futuro, e do futuro a certeza não posso exigir
O posicionamento ainda que na dúvida do agir
Seja no Sim ou no Não a crise tende a não resistir!”

(Carlos Coléct)




Desejo ser avistado
Como uma estrela em um céu estrelado
Sinalizando o Norte
Fazendo alguém situado! 

(Carlos Coléct)


Pela palavra tudo se faz
O mundo é criado
A vida se refaz!

(Carlos Coléct) 




REENCONTRO

“Oh mundo de formas e de cores
As vezes parece tão reto e sem flores
O que antes era Jardim
Parece um deserto em mim
Mas logo surgem as curvas do rio
O calor espanta o frio
O reflexo na água traz a lembrança de quem sou
De joelhos me reencontro, levanto-me e vou!”

(Carlos Coléct) 

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